PARA A MINHA MÃE
“mãe, tenho pena. esperei
sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que
nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo, a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
Lê isto: mãe,
amo-te.
Eu sei e tu sabes
que poderei sempre fingir que não escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir
que não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não as leste, somos
assim, mãe, mas eu sei e tu sabes”
Palavras para a minha mãe
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo, a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
José Luis Peixoto
Ontem a minha mãe fez anos.
Tenho sempre um atraso nestas coisas de acertar com as datas e dizer aquilo que
realmente quero dizer.
No dia da mãe encontrei uma publicação com o texto do escritor José Luis Peixoto que eu respeito muito.
Passei-o para uma folha na esperança de conseguir escrever há minha mãe uma coisa parecida. Mas é difícil!
Não porque a minha mãe não
mereça, mas porque infelizmente eu não sou nenhum José Luis Peixoto, e o que
escrevo não emociona tanto.
Assim como não sou nenhum José Luis Peixoto na escrita, também nunca farei pela minha mãe aquilo que ela fez por mim.
O que lhe dou nunca será suficiente, ela deu-me muito mais do que um ser humano dá ao outro.
A eterna sacrificada. A eterna solitária. A eterna injustiçada. Tu sabes do que eu estou a falar.
A que se levanta, sempre.
Se houve coisa que eu aprendi contigo foi a caminhar. A não desistir. A levantar-me de manhã.
A fazer-me por mim, porque só eu o posso ser.
A que sempre deu. A que nos levou ao colo mesmo que o peso já fosse insuportável.
É certo que a vida custa, que o tempo é escasso e que as pessoas de quem gostamos vão ficando em segunda ou terceira fila. Às vezes é doloroso quando nos deitamos na cama e temos a consciência de que não serviu de nada aquele dia, e que os nossos amores ficaram irremediavelmente para trás.
Eu sei que tu sabes que se algum dia leres este texto, não vais fingir que não o leste. Nós não somos assim, e eu sei que tu sabes que apesar do caminho duro da tua vida o teu amor nunca será em vão.
E eu também sei que tu sabes, mãe, que eu amo-te.
Muito bonito.
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