28 de fevereiro de 2021

 


THE WITCHER - A ESPADA DO DESTINO - LIVRO II - ANDRZEJ SAPKOWSKI



O primeiro livro desta saga, li-o em Setembro.
Na altura foi uma pequena surpresa, pois o livro agradou-me bastante.

Adiei consideravelmente a leitura do segundo volume, com a desculpa que só depois de o ler, iria ver a série que passa no Netflix que se baseia nos livros. Pelo que li, a série baseia-se neste dois primeiros volumes.
Como não tinha forma de o encaixar nos próximos tempos e quero muito começar a ver a série (esgotei as minhas opções), peguei no livro terça-feira, já sem pressas e fui desfiando os seus contos.
Sim! É tal como o primeiro, um livro de contos sobre as andanças deste bruxo, Geralt de Rívia. Um bruxo mutante que devido à sua profissão e à transformação que sofreu para se tornar bruxo deveria ser desprovido de sentimentos.
Deveria, mas não é. A humanidade está lá toda, e posso dizer que este bruxo de frio e calculista tem pouco.
Gostei especialmente do conto que dá título ao livro. "A Espada do Destino"
Trata-se de um revirar desta história para os livros futuros já editados.
Geralt encontra-se com o seu destino e para quem estava predestinado.
Todo o livro e todas as histórias tentam mostrar que podemos estar predestinados para alguém mas não fazemos parte do seu destino.
Geralt de Rívia é um bruxo cético que não acredita no destino, nem na predestinação, nem no bem, nem no mal.
Mas até Geralt vai ter de se render às evidências.

Os textos são cativantes. Os diálogos entre as personagens por vezes até fazem soltar gargalhadas. O Bardo Jaspier é uma personagem extraordinária e muito bem conseguida.
Espero não desiludir-me com ele na série.

Se gostam um pouco de literatura fantástica. Algo mais leve que o "Senhor dos Anéis", ou menos complexo. Algo que vai beber muito das lendas nórdicas e das Brumas de Avalon, por favor, não passem ao lado deste bruxo Geralt de Rívia.
  


 


Pois é!
Hoje temos uma surpresa... uma convidada que escreveu uma opinião sobre um livro que leu recentemente.
A convidada é a Sónia Chaves e o livro "Na Terra Somos Brevemente Magníficos" de Ocean Voung
A partir daqui vou deixar a palavra....


NA TERRA SOMOS BREVEMENTE MAGNÍFICOS - OCEAN VOUNG


Ocean Voung, é um poeta, e isso sem dúvida reflete-se no seu primeiro romance.

Confesso que ao contrário da Rute (autora e mentora deste Blog), nunca fui desde muito nova, uma leitora disciplinada, preferindo antes, as artes manuais, como pintura, malha e bordados. Mas mesmo assim, aos treze anos li ás escondidas o Crime do Padre Amaro de Eça de Queirós.

No entanto, fui desafiada para escolher e escreve sobre um livro, e aqui têm, a minha opinião, desprovida de qualquer ciência. Apenas sentimento.
O livro surge, depois da publicação de um post feito por uma das figuras públicas que sigo e admiro. Depois de o ter lido duas vezes em cinco dias fiquei a pensar o que teria levado a Joana a fazê-lo?

Da parte dela não sei, da minha... bem, da minha existe uma palavra que engloba muitas outras. - Sentimentos.
O livro, misto de uma prosa e de poesia, traz-nos ao longo das suas páginas vários sentimentos. Alegria, medo, questionamento, presença profunda, mesmo que seja da própria solidão. De sentimentos que por vezes são crus de ler, porque quebram barreiras, preconceitos e tabus.
E de um amor, de vários amores, que mesmo com dor, nunca deixam de amar.
E por tudo isto e muito mais, um livro inquietante.

O livro é uma carta de um filho a uma mãe que não sabe ler, mas que um dia espera que esta, numa outra encarnação na qual ele próprio não sabe se acredita, o saiba fazer e se reconheça nele e se lembre dele.
Uma carta que retrata dor, perda, medos e amor.
Que liga a sua história de um rapaz vietnamita que cresce na América com a sua avó e a sua mãe. Que passaram pela guerra do Vietname, e pelos muitos "sofrimentos" que uma guerra trás. Do que é ser um rapaz vietnamita que cresce e vive na América. A terra de todos os sonhos. E do que é ser homossexual.

Mais do que uma carta é uma memória.
Uma memória deixada para a mãe, mas na minha opinião uma memória para e de quem ele amou e que já partiu. Para que não sejam esquecidos e para que ele nunca os esqueça.

Isso reflete-se quando ele escreve frases como;
"E foi por isso que peguei na criação mais solitário de Deus e te coloquei lá dentro.", ou "A memória é uma escolha".

E é isso que este livro é, um registo de memórias, para não esquecer; para nunca sentir a falta de ninguém, mesmo que não estejam connosco.

Espero que com este pequeno testemunho, traga-vos a vontade de ler, porque é a forma de sentir.
Até breve!









23 de fevereiro de 2021

 


TERRA DE PECADO - JOSÉ SARAMAGO


Apetece-me reler este livro.
Agora que voltei a pegar-lhe para esta opinião, tive uma vontade enorme de o reler. Reencontrar Maria Leonor, e dizer-lhe que não tenha medo. Que sofrer e não saber o nosso caminho é perfeitamente natural. Que todos nós nos sentimos em algum momento da vida perdidos, perdidas, e que os outros por vezes fazem-nos muita falta. Fazem mesmo muita falta.
Queria dizer-lhe que as circunstâncias da vida põem-nos a todos à prova, e que no limite daquilo que somos e temos de ser é preciso viver, é preciso sempre viver.
E já agora, porque as mulheres sabem sempre o que se espera delas, e ainda mais aquilo que elas próprias esperam de si mesmas, sim! é possível ousar a voltar a amar.

Este é o primeiro livro de Saramago, escrito quando ele ainda era um jovem com 25 anos.
Entre este "Terra de Pecado" e os seus últimos trabalhos vai uma grande distância. A perfeição.
Esta é uma história ingénua se compararmos com livros como "Todos os nomes", " A Viagem do Elefante", ou mesmo o "Homem Duplicado". Não é uma obra maior como "O Ano da Morte de Ricardo Reis".
Neste "Terra de Pecado", Saramago é um escritor, nos outros títulos que referi e mais alguns Saramago é o escritor.
Se não concordarem comigo, digam por favor!

A mim, a história lembra-me muito os enredos de Eça de Queiroz. Com as suas histórias beatas, e com as suas mulheres permanentemente julgadas pelos outros.
Não é uma crítica, aquilo que acabei de dizer. Eça de Queiroz, será outro tema, mais para diante, pois para mim, Eça de Queiroz no seu tempo também é o escritor.
Também ele tem um canto especial nas minhas estantes, e espero não estar a ofender nenhum dos dois nesta minha comparação especifica desta obra. Apenas.
Quanto a "Terra de Pecado", sim! Será um livro provavelmente a reler.


P.S - Este é o último Post sobre o tema "Vamos falar de Saramago", que iniciei em Janeiro.
Desde essa altura, mostrei a minha opinião sobre várias obras que li de José Saramago.
Não foi amor à primeira vista. Saramago demorou muito a entrar no meu circulo de autores favoritos, até de autores que eu queria mesmo ler.
Da minha parte ainda vão ouvir-me falar de Saramago, mas será dos livros que ainda não li dele e que quero muito ler. 




22 de fevereiro de 2021

 


CEMITÉRIO DE PIANOS - JOSÉ LUIS PEIXOTO



José Luis Peixoto tem a capacidade de falar do luto como nenhum outro. Não se limita a falar da morte, mas dá forma a esse sentimento tão dificil. O luto.
Cemitério de Pianos  não é um livro que se leia de ânimo leve, nem tão pouco que se devore as páginas umas atrás da outras como se procurássemos encontrar alguma coisa para além do que lá está escrito.
Levei tempo a perceber que o livro precisava de tempo, e quando o compreendi e aceitei fiquei disponível para a história.

"Havia um instante em que, ao mesmo tempo, dávamos valor a estarmos juntos."
Aquele tempo necessário tornou-se urgência, e ontem, domingo, sentada no sofá da sala e sem dar por isso como uma consciência abstrata li cerca de 200 páginas. Não o li de ânimo leve, mas a verdade é que Peixoto, no seu puzzle sobreposto prendeu-me o pé e não consegui mais parar.

A história não se situa no tempo, mas chegamos à conclusão que não se passa nos nossos dias... o tempo é lá atrás.
A angústia é familiar. É própria de Peixoto. É o que me puxa constantemente para ler o que ele escreve.
Esta angústia, sempre esta angústia.
A forma subtil como retrata o ser humano, cheio de defeitos, cheio de humanidade.
A história do Pai e dos filhos confundem-se e entrelaçam-se.
O amor está lá, mas acima de tudo, a perda, a mágoa, o luto, a solidão, a paz.

"A passagem do tempo fez-me perceber que o meu entusiasmo, comparado com a realidade, era ridículo. A realidade era aquela sala arrumada e velha. O meu entusiasmo era uma ilusão que construía sozinho a partir do nada."
Peixoto traz para este livro uma maneira diferente de contar uma história. Parágrafos que se unem, desencontrados de si mesmos, como se várias histórias estivessem a ser contadas.
Quando dei conta desta subtileza, já estava tão enrolada no próprio texto que já não havia capacidade para parar de ler.

Um homem que morre de doença e que conta a sua história. A sua mulher que em todo o livro não é mais do que a sua mulher, não passa da sua mulher. Não tem nome. É a mulher, é a mãe e depois é a avó.
"- Ninguém pode viver a vida dos outros?
- Não é verdade. Não viveste só a tua vida. Já viste a avó? Gastaste-a"
Os filhos, quatro. Marta, Maria, Simão e Francisco.
O livro saltita entre as narrações do pai que já morreu e o filho Francisco que ainda está vivo.
Os outros são o complemento desta história, mas as suas vidas não passam despercebidas.
"É pouco. Nunca as ouviste realmente, nunca olhaste para elas realmente. Tiveste medo. Continuas a ter medo."
Medo, egoísmo. A nossa existência! Não há volta a dar. Seremos todos de uma forma ou de outra por medo ou egoísmo a razão do desamparo do outro.

Peixoto transcreve algures neste livro um dos seus poemas mais caros;
"Na hora de pôr a mesa éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova 
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmão mais 
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco." 

A verdade, verdadinha, é que a minha essência estará sempre nesse caminho. Posso ser muita coisa, mas nunca deixarei de ser mais uma alma do meu universo familiar. 
Mesmo quando alguns deixaram de estar presentes, continuaram todos a ser presentes enquanto algum de nós existir.
Estas páginas de Peixoto compreendem isso mesmo. Apesar da mágoa, apesar da angustia, se fomos cinco, seremos sempre cinco. 
Nunca deixaremos de dar valor a estarmos juntos desde que exista um de nós para sermos um todo.
Apesar de tudo...
Que o egoísmo percorre cada página, que existe a capacidade de fazer o outro sofrer sem querer, ou por querer! E que a vida, essa! Bem. Essa não tem propriamente explicação.

Se gostei do livro? Sim, muito. Para mim, Peixoto é sempre Peixoto. Só é pena que publique tão pouco. 



19 de fevereiro de 2021

 


CEM MANEIRAS DE MELHORAS A ESCRITA - GARY PROVOST


Comprei este livro e li-o, com uma finalidade! Aprender a escrever melhor.
Ok. A belíssima capa também ajudou!

O livro é composto por dicas e conselhos tremendamente úteis. Sei que vou ter de recorrer ao livro, vezes e vezes sem conta, e sei que nunca farei um texto limpo de asneiras.
Mas o céu é o meu limite, e se caminhar sempre, chegarei lá.
Se ficou interessada no livro mas não está nos seus planos de vida escrever o romance, não deixe de pensar em lê-lo. Ele é útil até para quem escreve apenas duas linhas.

"A escrita é uma arte, não é uma ciência..."
Existem muitos ensinamentos que eu já tomava como meus: ler os textos escritos em voz alta à procura de erros, ou ler muito, ou pensar no que acabei de escrever.
Mas quando cheguei aos capítulos sobre erros gramaticais e: use verbos fortes, utilize a voz ativa e não a voz passiva, diga as coisas na afirmativa, compreendi que existe muita coisa na minha escrita que terá de ser melhorada, muita coisa que terei de procurar e estudar.

Ora aqui está um livro que não pode pura e simplesmente ser guardado na estante.
Têm de ficar sempre ao pé de mim!


18 de fevereiro de 2021

 


ANATOMIA DE UM ESCÂNDALO - SARAH VAUGHAN



A contra- capa deste livro, foi meio caminho andado para eu tomar a decisão de o trazer para casa.
"A verdade é um conceito complexo." Deveras! Aquilo que é a verdade para mim, não é para o outro.
E nesta anatomia o conceito toma caminhos distintos.
Escrito a várias vozes, vamos conhecendo as personagens e o que as move. A história em si, ganha força quando cada um mostra as suas fragilidades.
Quem entra nesta equação?

Kate Wooderoft, advogada de acusação, que acima de tudo não gosta de perder. Mais do que a possibilidade de ganhar numa sala de audiência, move-a uma forte capacidade de justiça e uma extrema noção da realidade das classes sociais inglesas. Tem em si, uma capacidade de humanidade pelos outros (vítimas), mas faz o que tem de fazer.
É caso para perguntar, o porquê desta tal capacidade e humanidade.

James Whitehouse, ocupa um lugar no governo Inglês e é acusado pela sua amante e assistente de violação. Nesta fase do livro, não consigo defini-lo. Não consigo manter uma opinião sólida da sua culpa ou inocência. Demasiado incaracterístico.
A sua personagem é escorregadia e aparenta uma culpa apenas aparente mas que não é sentida no seu âmago.
Creio que é assim que a escritora que manter-nos em relação a ele. O que quer que seja que tenha de ser revelado sobre ele, será não agora mas mais para a frente.

Sophie Whitehouse, a mulher traída. A mulher de James que tem de levar com a porcaria toda por tabela, e ainda aparentar uma total disponibilidade em apoiar a inocência de James.
É uma personagem que se alimenta dentro do limbo, da dúvida que se vai criando. É onde terminam todas as emoções.
O seu mundo desmancha-se num abrir e fechar de olhos, e a nós leitores só nos resta assistir a esse "apanhar de cacos".
Todas as suas atitudes e decisões influenciam a trama e ela é completamente encostada à parede. Quem consegue suportar isso? É depois, há a dúvida!

Holly, esta personagem vem do passado, no tempo da Universidade de James e Sophie. Nesta altura do livro, ainda não consegui perceber qual a sua função. Mas que é importante, é!
Vamos continuar!

Ok! As peças deste puzzle começam a encaixar de forma subtil.
Holly não é mais do que a versão Kate Wooderoft no seu primeiro ano da Universidade, num ambiente desproporcional ao seu mundo e à sua classe social.
E sim, James nessa época violo-a.
Sophie a sua esposa incondicional, começa a vacilar perante a dúvida. Porquê Sophie duvida, porquê?
Sophie sabe quando James mente, mas desesperadamente não quer acreditar.
"determinada a acreditar em qualquer coisa porque é a explicação mais ditosa, ainda que menos credível. Emily acredita na fada dos dentes, tal como Sophie acredita que James nunca teria usado aquela frase, porque é nisso que ela quer tão desesperadamente acreditar."
Onde estará a verdade? Vamos continuar!

E James é absolvido como se os escolhidos fossem eternamente intocáveis e privilegiados. Nunca acreditei que ele fosse condenado. Isto se a escritora quisesse ser o mais fiel possível à realidade humana.
Contudo a dúvida instalou-se e Sophie quando volta para casa com um marido empolgado e aliviado, confronta-o sem medos, incapaz de suportar mais aquela situação.
"Abandona a sala aos apalpões, pernas pouco firmes, visão desfocada; concentrando-se apenas em sair dali antes de se ir abaixo por completo (...) Senta-se na tampa da sanita e deixa que o horror se apodere dela; sente um gemido querer agigantar-se, mas cala-o com o punho. O seu marido é um estranho."
Sophie é uma mulher completamente ultrapassada pelos acontecimentos. Uma mulher que dá conta que a sua própria vida foi um desperdício e que a sua lealdade é pouco valorizada. 
Nem sequer foi verdadeiramente amada e respeitada.
James não passa de um menino egoísta e egocêntrico a quem a vida sempre correu bem, mas Sophie ainda vai demorar algum tempo a processar toda esta realidade.
A atitude final de Sophie não me surpreende e mostra a sua capacidade de recomeçar e não! as mulheres não tem pouca convicção! As mulheres tem convicção para o que é realmente necessário.
Deparamos com várias realidades neste livro. A supremacia e a intocabilidade das classes privilegiadas. O papel das mulheres nesta sociedade de homens com desejos e vontades. A facilidade como uma mulher é condenada por ser "tão oferecida", e a forma como os homens são consecutivamente desculpados nos seus atos.
Deveras intrigante, profundamente revelador...
O fim deixa-nos uma esperança que talvez desta vez ele não se safe.
Mas é apenas uma esperança.




16 de fevereiro de 2021

 


AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE - JOSÉ SARAMAGO



Imaginem o seguinte! A morte tirava férias.
De repente, de um momento para o outro ninguém morria. Isso é que era, não era!?
Pois é! Mas e as consequências?

Neste país deixou-se de morrer. Ao virar do novo ano, a morte suspendeu a sua atividade, e aqueles que estavam novos assim ficaram, os que estavam assim-assim, assim continuaram e a vida prosseguiu de uma forma estranha. Ninguém morria, nem de acidente.
A principio esta pode ser uma grande noticia. Convenhamos, a morte. A nossa e a dos outros pesa incessantemente nas nossas cabeças, e o desaparecimento da mesma do país é no mínimo apaziguador. É, não é?
Mas depois vem o resto. Toda a lógica que roda e se movimenta em torno da morte, que com a ausência da morte também acabada, mingua e se desfaz.
Saramago cria aqui um enredo fenomenal sobre as causas/consequências da não morte dentro de uma sociedade e pasme-se, chegamos à conclusão que a morte faz parte da ordem natural da vida e que sem ela saberemos cada vez menos o que é um ser humano.

Com uma escrita fluída e vaporosa, encontramos neste livro um dos nossos maiores medos. O desmoronar das nossas certezas. Daquilo que efetivamente existe e do qual não pode ser desassociado da nossa própria vida. A nossa própria morte.

Com a ausência da morte, assistimos a um viver para sempre, e isso traz problemas ainda maiores do que o nosso próprio desaparecimento.
Imaginem o desmoronar da logística instalada e do aproveitamento económico/político/religioso à nova realidade?
Saramago é mestre nesse ponto!

Quanto à morte! Bem, Saramago deu-lhe vida e uma vida. Uma humanização e até apaixonada.
Leiam, por favor!


14 de fevereiro de 2021

 


E PORQUE HOJE É DIA DOS NAMORADOS!




E porque hoje é dia dos namorados, andei a passar os olhos pela minha estante.
Tenho alguns livros sobre histórias de amor. Para quem gosta de ler, aqui vão as minhas sugestões;

* As Pontes de Maddisson Country -  Robert James Waller
* Fazes-me Falta - Inês Pedrosa
* O Véu Pintado - Somerset Maugham
* O Leitor - Bernhard Schlink
* As Ligações Perigosas - Pierre Choderlos de Laclos 
* Lady Hawke - Joan D. Vinge
* O Amor em Tempos de Cólera - Gabriel Garcia Márquez
* O Doente Inglês - Michael Ondaatje
* O Sentido do Fim - Julian Barnes
* O Fim da Aventura - Graham Greene
* Marina - Carlos Ruiz Zafón
* Eleanor & Park - Rainbow Rowell
* Não te Mexas - Margaret Mazzantini
* Antes de ser Feliz - Patrícia Reis 
* Um Lugar para Amar - Robyn Carr
* Pássaros Feridos - Colleen McCullough 

E as vossas estantes? Que livros com histórias de amor param por lá? Toca a partilhar!!








 


UM MOMENTO INESQUECÍVEL - NICHOLAS SPARKS


"O amor é paciente, o amor é benigno, não é invejoso; o amor não se ufana, não se ensoberbece, não é inconveniente, não procura o seu interesse, não se irrita, não suspeita mal; não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."


Tenho este livro desde 2003. Esta é uma releitura!
Foi o primeiro livro que o meu marido me ofereceu. Na altura namorávamos. 2003! Parece noutra vida!
Lembro-me que nunca tinha lido um livro de Nicholas Sparks, apesar da minha mãe ter em casa "O Diário da Nossa Paixão" e " As Palavras que Nunca te Direi". Dois títulos de Sparks que nunca li. 
Quanto a este "Um Momento Inesquecível", não é propriamente uma história brilhante, mas é sem dúvida uma história de amor muito bonita.
Como o amor que os outros têm por nós, nos podem transformar em pessoas diferentes.
Ou melhor, como o amor que temos pelos outros nos podem transformar em pessoas melhores.
Depois de ler o livro em 2003 e voltar a relê-lo agora, já deveria ter capacidade para dizer algo melhor sobre ele, não acham?
Vou tentar de novo!!

Chorei algumas vezes, em algumas partes do livro sim! Acho que é impossível alguém ler este livro sem chorar.
Landon é um rapaz dito normal, que se enquadra com normalidade no seio dos seus amigos de escola. Último ano do secundário, a caminho da Universidade.
Jamie é uma miúda nada normal que não se enquadra na dita normalidade dos tempos. Não tem amigos, não convive com os colegas de escola, almoça sozinha, e tem interesses fora da realidade adolescente. 
É contudo uma miúda meiga e doce, e sem malicia. Aceita esta disparidade sem mágoas.
Vamos refletir um pouco... porquê um ser humano com uma extrema bondade e dedicada aos outros é alguém atípico?
Não sei! Mas é assim.

Jamie tem a capacidade de transformar Landon numa pessoa melhor. Quanto a ela, pedia pouco, sonhava com pouco e dava muito. Não era de todo uma miúda parva, nem ingénua. Sempre entendeu o que se passava à sua volta, mas era alguém de extrema beleza, como pouco se vê no mundo.
Alguém que literalmente dá a outra face.
No seu todo o livro vive à conta da personalidade e da personagem de Jamie.
Como já referi, não se compara a outros grandes enredos de outros livros de Nicholas Sparks, mas não deixa de ser um livro tremendamente subtil e revelador.
Jamie é um exemplo. Para mim, é. Alguém que acredita! Acredita na bondade dos outros e que em circunstância alguma se deixa degradar pela maldade e pela malicia humana.
Alguns poderão chamá-la de "tolinha", mas tolos sãos os loucos e os sem fé deste mundo.
De intensa beleza, seriamos todos nós se fossemos como a Jamie.

Querem que vos conte a história do livro não é?! Pois, não!
Nem pensar. Ficaria sem graça! É uma história de amor entre Jamie e Landon. Levem o lenço! É só o que vos digo!

Paciência, bondade, modéstia, sem lisonja e sem egoísmo.
"Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta"
Será que não seriamos mais felizes e menos amargos?


13 de fevereiro de 2021

 


CONTAR OS NOSSOS DIAS - QUE COISAS SÃO AS NUVENS

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA


Não sei se estão familiarizados com as crónicas de José Tolentino Mendonça à revista do Expresso todas as semanas.
Da minha parte, é das melhores coisas que a revista tem, e apesar de não ser uma assídua compradora do Expresso, tenho acesso ás revistas com mais frequência do que seria normal.
No passado dia 31 de Dezembro, já o ano de 2020 contava os seus últimos suspiros, e todos nós ou quase todos queríamos dar um enorme pontapé ao ano maldito - acho que havia um sentimento geral que a mudança de ano significaria mais do que realmente significou - saía na revista do Expresso a crónica "Contar os nossos dias".
Estou tentada a transcreve-la por inteiro... na verdade estou aqui a olhar para o ecrã e a olhar para a crónica sem saber bem o que faça!
Bem! Vou apresentar algumas frases, será o suficiente para podermos conversar!

"Os acontecimentos grandes ou pequenos do mundo, os factos da nossa vida pessoal, quaisquer que eles fossem, vimo-los perfurados pelo zumbido dos números."

"O que quer que venha a seguir não pode ser um mero virar de página. De um modo que não pensávamos o futuro entrou-nos pela porta"

"Um modo de descrever a estranheza e a dor, mas também a oportunidade deste ano das nossas vidas é, por exemplo, este: constatar a importância que, de repente, passaram a ter os números."

"Dentro de nós, a impressão que tantas vezes tivemos é a de que os dias não se contaram por palavras ou por imagens como estávamos habituados, mas sobretudo por números."

"... números que enigmaticamente nos chamavam - e nos chama - à atenção para que vejamos como a vida se declina também em medidas exatas, em concretos números."

"Mas falam também do primado reconhecido à vida, da resiliência que descobrimos possuir, do emprenho, da dádiva de tantos, do reencontro connosco próprio, da reconstrução e do cuidado."

"No meio dos flagelos aprendemos que existe nos seres humanos mais coisas para admirar do que para desprezar."

"Talvez a mascara nas se cole definitivamente ao rosto. Talvez o distanciamento seja apenas uma forçada esquadria externa que o nosso interior não confirma, bem pelo contrário."

"Talvez que entre as competências que mais passemos a treinar estejam a gentileza e a fraternidade."

"Talvez, finalmente, nos preocupemos mais com o que iremos transmitir do que aquilo que vamos herdar."


Se não percebermos que não somos só números não temos rosto. 
Se não percebermos que cá estaremos para servir o outro e que o amor é o único caminho possível nesta equação, esta nossa vida não faz sentido.
Faz sentido para vocês? Concordam? 

Desde Março de 2020 que a nossa cabeça encheu-se de números.
Tudo é assumido como um número e na correria do parar, deixamos de ter capacidade para pensar. De repente, mandaram-nos sentar no sofá, e a maioria de nós que não sabia o que isso era, perdeu-se naquilo que seria o seu dia-a-dia.
Muitas opiniões foram dadas, mostradas, pisadas e exploradas. Como tudo seria diferente, como poderíamos ver tudo isto como uma aprendizagem, como era agora que iriamos passar tempo de qualidade com os nossos filhos, como o meio ambiente iria recuperar dos nossos erros e de como seriamos melhores pessoas quando tudo isto acaba-se.

Acabar, acabar, nunca acabou, mas de mudanças pouco houve. A maioria de nós, até fez questão de mostrar que nada existiu ou continuava a existir e voltou à sua condição de ser humano despreocupado e atento ás suas próprias necessidades,
Podemos, podemos, direitos, eu quero!

Se teremos de transmitir alguma coisa ao mundo, este é o momento... A preocupação do que herdaremos terá de ficar para depois. Será que já nos demos conta que qualquer um pode cair?
Será que nos demos conta que o gesto e a proximidade terão de ser substituídos e não eliminados!
Como diria um antigo professor, Inovem, caraças!
E os números... por Deus! os números não são só números... são rostos!
Os rostos de um irmão ou de um vizinho. Do nosso primo lá da outra terra, da mulher de um dos nossos clientes que ainda a chamava de menina.
Com perto de 90 anos, com uma dor no peito que a maioria não tem capacidade de ter, hoje tive um cliente a chorar ao balção porque a sua menina, a sua mulher morreu.

Se não percebermos o que é o amor, e o que é o outro nesta equação, a nossa vida não faz sentido.
E no fundo é apenas isso que temos de fazer... Criar a nossa vida com um sentido!






11 de fevereiro de 2021

 


1984 - GEORGE ORWELL


"Percebo COMO: não percebo PORQUÊ"

Posso dizer que foi um desconforto este livro.
Totalmente fora da minha linha de leitura escolhi este livro para o meu projecto de leitura de Clássicos.
Em Janeiro já tinha optado por "Fahrenheit 451", também longe dos meus géneros literários.
Mas se em "Fahrenheit 451" existe uma esperança e uma subjugação do mal, aqui em 1984, existe esperança sim, e existe até ao fim, mas até a esperança pode ser aniquilada.

Opressão e resistência, dois atos distintos, em dois caminhos que se cruzam. 
1984 em Londres, o Grande Irmão controla a Oceânia, a Policia do Pensamento controla as ideias, a Novafala controla a Liberdade.
(É curioso, como o meu corretor ortográfico não reconhece a palavra Novafala)
O livro foi escrito por George Orwell em 1949, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, e nessa altura esta só poderia ser vista como uma visão futurista, uma realidade puramente imaginária.
Hoje, confesso, cria as suas dúvidas e receios. É demasiado real e presente.
"Percebo COMO: não percebo PORQUÊ"
Estas são as palavras de Winston Smith, algures no início do livro, quando ele ousa escrever o que pensa ser o seu diário.
Imaginem um Estado que controla tudo, como um grande olho. Um Estado que mais não faz do que eliminar a nossa consciência. Será que estamos tão distantes disso?

"Até ganharem consciência, nunca se revoltarão e, enquanto não se revoltarem, não serão capazes de ganhar consciência."
Para além das questões políticas e questões sociais que o livro descreve, existe acima de tudo uma questão de consciência e de expectativa.
É como se tivéssemos entre os sãos e os loucos, e numa dualidade de posição. Quem serão os sãos? Quem serão os loucos?
De resto está lá tudo. Uma sociedade onde cabem os altos, os baixos e os médios. Lutas de poder, sempre o poder.
Chegamos á conclusão que só o poder interessa, e que por ele, tudo se fará. Até eliminar consciências... pior ainda... alterar consciências.
Winston no meio deste caminho é aquele que é considerado "o lunático", com opinião... por vezes nem ele próprio define muito bem a sua opinião, mas sabe que tem uma e que pensa por si próprio. Mais grave ainda, consegue aperceber-se das subtis alterações que aos outros vão passando completamente despercebidas. No meio desta "normalidade", Winston interroga-se a mais das vezes, quem é o verdadeiro louco no meio desta sociedade do Grande Irmão.... ele, ou os outros!
A apatia generalizada da sociedade, é não mais do que uma forma de sobrevivência.
"Ocorreu-lhe  que a única coisa verdadeiramente característica da vida moderna não era a crueldade nem a insegurança, mas simplesmente a sua aridez, a sua esqualidez, a sua apatia."

O "lunático" do Winston, ousou amar, acreditar e confiar, e por tudo isto e por toda a sua incapacidade para aceitar o inevitável, Winston foi traído.
" De certa forma, a visão mundial do Partido impunha-se com maior sucesso nas pessoas que eram incapazes de a compreender. Poderiam ser levadas a aceitar as mais flagrantes violações da realidade, porque nunca percebiam completamente a enormidade do que lhe era pedido... por não compreenderem, mantinham-se sãs."

Assusta um pouco este pensar, e assusta muito mais quando olhamos á nossa volta, e compreendemos que não estamos muito longe deste abismo. Sinceramente nunca tivemos, de uma forma ou de outra no decurso da história muito longe deste abismo.
Winston prometeu a Júlia que nunca a trairia, mesmo que fosse torturado. "Confessar não é trair. O que dizes ou fazes não interessa: só os sentimentos interessam. Se conseguissem que eu deixasse de te amar, isso é que seria a verdadeira traição"

Até ao fim do livro, caminhei com confiança. Enquanto Winston conseguisse dizer que dois e dois são quatro, manteria a sua liberdade e o seu discernimento.
Mesmo quando traiu a Júlia, continuei a confiar. Acreditei que um único homem "lúcido", poderia mudar toda a apatia. Mas até Winston capitulou no fim. Porra! O homem rendeu-se no fim!

P.S - E nós em pleno século XVI, em cheio numa pandemia, onde encontramos o Grande Irmão?
Num texto de Gonçalo M. Tavares para a revista Expresso, ele, encontrou-o no corretor automático. Os chamados corretores ortográficos que tanto nos ajudam, mas que determinam elegantemente quais as palavras que existem ou não existem, o que podemos e o que não podemos usar. 
Conseguem encontrar mais?



9 de fevereiro de 2021

 


CLARABOIA - JOSÉ SARAMAGO


O que é que Saramago disse de Claraboia;
"Claraboia é a história de 6 inquilinos de um prédio, sucessivamente envolvidos num enredo. Acho que o livro não está mal escrito. Enfim, é um livro também ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver como o meu modo de ser."

Quando Claraboia foi editado pela primeira vez já José Saramago tinha morrido. Pode-se dizer que foi uma pequena "birra" do próprio em não dar luz a esta história antes de morrer, uma vez que o livro foi escrito muito no inicio da sua carreira de escritor e foi perdido dentro das editoras.
O livro andou perdido por décadas e por milagre ou não, voltou a aparecer quando Saramago já era um nome que se falava, e falava muito. Quando o convidaram para editar o livro ele respondeu que não.
Teorias e conspirações à parte, Saramago mostra aqui uma postura de caracter que se sobrepõem até ao seu beneficio pessoal e mantem a sua palavra de enquanto fosse vivo, nunca editaria o livro.

Já na minha modesta opinião, e agora falando do livro propriamente dito, considero-o diferente de todos os livros que tenho lido de Saramago.
Quando digo diferente, falo da forma de escrever, falo até da própria história.
Tem um caminho filosófico e personagens marcantes... não tem uma personagem marcante, mas várias, ou direi mesmo, quase todos os inquilinos do prédio são personagens marcantes.
É um Saramago atípico, fora do seu registo, quem sabe em 1953 procurava o seu próprio caminho.

E o que é que um prédio com seis inquilinos podem dar ao mundo?
Para o mundo muito pouco, para o seu universo limitado tudo pode acontecer.
O Sapateiro e a sua esposa Mariana que alugam um quarto para fazer fase às despesas. Um sapateiro filosofo, este Silvestre.
Temos também a bela Lídia e o seu amante Paulino, as costureiras Adriana e Isaura que vivem com a mãe Cândida e a tia Amélia.
O Emílio e a esposa espanhola Cármen; Caetano e a mulher Justina de luto fechado pela morte da filha, e Anselmo com a sua esposa Rosália e a filha Claudina.
Num prédio fecham-se história que se interligam entre si.
"... mas a compreensão é uma palavra apenas. Ninguém pode compreender outrem, se não for esse outrem. E ninguém pode ser, ao mesmo tempo, outrem de si mesmo."

Não penso que o livro seja uma crítica à sociedade daquela década de 50, mas acima de tudo uma majestosa reflecção sobre a admirável e inconstante da natureza humana.   

P.S - Lá pela página 272, existe uma passagem no livro que me recordou os meus avôs paternos. Sempre que passo os olhos nesta página recordo-os aos dois lá no fundo da rua;
"Casais de pequenos burgueses com dezenas de anos de sagrado matrimónio, ela atrás, ele adiante. Não mais que meio passo os separava, mas esse meio passo exprimia a distância irremediável a que se encontravam um do outro."


7 de fevereiro de 2021

 



A CIDADE DO VAPOR - CARLOS RUIZ ZAFÓN


Daqui para a frente não haverá mais histórias ou livros novos de Zafón.
Editado como livro póstumo de um escritor que infelizmente morreu no ano de 2020, "A Cidade de Vapor", é o último caminho para continuarmos a sonhar com as narrativas e a escrita deste escritor.
Quem leu a tetralogia "O Cemitério dos Livros Esquecidos" não pode deixar de sorrir ao ler estas páginas.
O livro e os seus contos, respiram o mundo e a ilusão do cemitério dos livros esquecidos. É a neblina inebriante de um contador da vida como nenhum outro.

Nesta "A Cidade do Vapor", encontramos pequenas pérolas literárias como só Zafón nos poderia dar.
"Rosa de Fogo" e "O Príncipe do Parnaso", são os meus favoritos.
Fiquei com uma vontade enorme de ler D. Quixote de La Mancha de Cervantes.
Aqui como em tudo que já li de Carlos Ruiz Zafón, caminhamos para um mundo paralelo de imaginação, e digo-vos, esse mundo fascina-me como nenhum outro.
Estamos cá e não estamos cá, como tão bem o soube fazer no conto "A Mulher de Vapor".
Depois existe o amor.
Poucos escritores sabem tão bem descrever o amor que um homem pode ter por uma mulher e vice-versa.
Quem gosta de Zafón não se desilude com estes contos, muito pelo contrário, até mata saudades.  



6 de fevereiro de 2021

 


PASSATEMPO NO BLOGUE 2021



Em Janeiro o Blogue deu início a um passatempo que durará o ano inteiro.
Todos os meses tenho um livro para oferecer, e quem se quiser propor a ganha-lo, apenas terá de passar a seguir o Blogue. 
Como fazem para seguir o Blogue? Basta carregar no botão que diz "Seguir", na barra lateral direita do Blogue, onde aparecem todos os seguidores.
Para quem já é seguidor, apenas comentar as publicações.
É que eu gosto muito que comentem, que digam bem, ou digam mal, que "puxem as orelhas", que falem do que gostam e do que vão lendo.
Se eu não responder sempre aos vossos comentários, peço desculpa, mas por vezes o comentário não tem necessariamente de ser respondido, e como dizia a minha avó o silêncio é de ouro.

Quem ganhou o livro do mês de Janeiro - "Um Homem com Sorte - de Nicolas Sparks, foi a Paula Dinis.
Peço por isso à Paula, que me faça chegar a sua morada. Envie por favor para o e-mail: livrista2020@gmail.com.
Volto a deixar claro que, como ainda não tenho apoio das editoras, as ofertas podem ser livros não novos, mas sem defeitos ou estragos.


PARA O MÊS DE FEVEREIRO O LIVRO SERÁ;


SINOPSE: "Um ataque à Coreia do Norte colocaria aos Estados Unidos debaixo de fogo e o mundo em risco. A conspiração para eliminar o líder do país está em curso e não há margem para erros: Will Robie e Jessica Reel são os únicos agentes capazes de executar a missão.
Neste novo livro de Baldacci, o mundo está sob ameaça de um inimigo poderoso. Existe a possibilidade de o eliminar de uma vez por todas.
Mas trata-se de uma missão de alto risco; se for bem-sucedida, o mundo será um lugar melhor. Mas se falhar, estaremos perante o Armagedão.








5 de fevereiro de 2021

 


A VIAGEM DO ELEFANTE - JOSÉ SARAMAGO


"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam" - O livro dos itinerários

Sinopse: Em meados do século XVI o Rei D. João III ofereceu ao seu primo, o Arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do Imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontrava em Belém, vindo da Índia.


Saramago aquando do lançamento do livro afirmou que não considerava este livro um romance, mas antes um conto.
Gostei muito da justificação que ele deu para essa sua opinião "porque lhe falta o que caracteriza em primeiro lugar um romance: uma história de amor - o elefante não conhece uma elefanta no caminho - e conflitos, crises."
Pelo que me foi dado a ler este facto histórico e verdadeiro não está documentado e o que se sabe é muito pouco, por isso há falta de dados concretos, Saramago imaginou por assim dizer uma viagem de um elefante no século XVI, mais precisamente entre 1550 e 1552.
O pobre do animal teve de fazer esta caminhada entre Lisboa e Viena.

Saramago em tempos foi a Salzburgo a convite da Universidade. É assim que ele relata como teve conhecimento desta história e como ele viu ali a possibilidade de criar um livro que pudesse contar esta viagem.
"Creio que no próprio dia da minha chegada fomos jantar com outros professores a um restaurante que se chamava "O Elefante". O simples nome do restaurante não era suficiente para despertar a minha curiosidade, mas a verdade é que lá dentro havia uma escultura relativamente grande representado um elefante e havia, sobretudo, um friso de pequenas esculturas que, entre a Torre de Belém, que era a primeira, e outra de um monumento ou edifício público que representava Viena, marcava o itinerário do elefante entre Lisboa e Viena. Perguntei-lhe o que era aquilo, ela contou-me e, naquele momento, eu senti que aquilo podia dar uma história."

Hoje, e especialmente neste livro não quero aqui dar muito a minha opinião, nem sequer fazer grandes referencias ao conteúdo do livro... não quero sequer, puxar pela vossa possível curiosidade em ler o mesmo.
É sabido que se faço e quando faço referencia a livros neste Blogue é porque os mesmos foram importantes para mim, de uma maneira ou de outra, e este "A Viagem do Elefante", é sem dúvida um livro no mínimo gratificante.
Em Novembro de 2008, o JN na sua secção de cultura faz referência ao lançamento do livro e às palavras de Saramago.
No fundo o que quero aqui apresentar após mais de dez anos são tão somente as palavras de Saramago sobre o seu próprio livro.
O escritor relata-o como uma metáfora da própria vida humana. A morte que nos acontece a todos sem nos dignificar a vida que tivemos.
"Sempre acabamos por chegar onde nos esperam. E o que é que nos espera? A morte, simplesmente."

Hoje, mas do que nunca assistimos à morte, sem que esta possa sequer honrar a vida que tivemos.


3 de fevereiro de 2021

 


A ROCHA DOS MURMÚRIOS - ROBYN CARR



Vamos por partes!
Se não gostam de livros lamechas não leiam este livro.
Se não gostam de histórias de amor não leiam este livro.
Se não gostam de vidas difíceis e pessoas que se magoam e choram, não leiam este livro.
Se não gostam de finais perfeitos tipo "felizes para sempre" não leiam este livro.

À parte disso, por favor se o lerem não atirem as culpas para cima de mim.
Se gostarem muito do livro, por favor, peço-vos não me culpem!
Se quiserem ver a série no Netflix "Virgin River" - que se baseia neste livros, repito... baseia, mas está muito bem conseguida - e gostarem muito, muito, peço-vos, não me culpem.
Se adorarem a Mel, principalmente a Mel e tantas outras personagens que no mundo real, teríamos lhe  chamados alguns nomes feios, mas que neste contexto até as entendemos perfeitamente, por favor, peço-vos, não me culpem.

De vez em quando, é preciso ler um livro assim, lamechinhas....