O VÍCIO DOS LIVROS - AFONSO CRUZ
(DIA 2)
Detesto notas de rodapé. Aquela informação útil que a ler
nos desvia da própria leitura. Aquelas linhas necessárias mas que eu evito a
todo o custo. Por vezes convém não nos desviarmos das notas de rodapé!
“Abrir um livro é abrir pessoas e explorar o nosso
próprio mundo através da experiência dos outros. O território inexplorado
dentro de nós é acessível através dessa imersão em personagens que nunca fomos
e jamais seríamos ou talvez venhamos a ser, e em vidas que nunca tivemos e
jamais teríamos ou vidas que serão o nosso destino. As personagens dos livros
que lemos são o meio de transporte para o que não somos, ou melhor, para o que
somos sem ser. Creio que esta noção é fundamental: ser profundamente o que não
somos.”
Já li livros que as personagens ultrapassam-me. A história é
a base do livro, mas a personagem é a sua alma. Sentirmo-nos na pele deles é
dar-lhes vida para além de uma folha de papel. É vê-los sair pela capa e
caminhar ao nosso lado.
Quando encontro uma personagem assim, sei que não sou, mas
posso vir a ser.
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