10 de agosto de 2022

 


ORLANDO - VIRGINIA WOOLF



Chega-se a Virginia Woolf e o mundo
dispara.
Sempre com um começo tímido, sem graça, coloco
sempre a questão ao meu subconsciente "O que é que
eu estou aqui a fazer com a Virginia Woolf?"
A dúvida é parca e existe sempre um momento ténue
que transforma aquele começo tímido numa leitura
compulsiva até ao fim. A sua escrita é sublime, nada
está a mais. O elo entre o ser humano e a natureza e a
forma nata como descreve a condição humana.
Orlando é delicado como homem e sublime como
mulher. Coloca-se nos dois lados, como se fosse
íntima da compreensão e do fascínio desta ou daquela
condição.
A condição da mulher, a sociedade e a sua evolução
em trezentos anos, os meandros e deceções do que
rodeia a escrita; as ilusões e desilusões do domínio da
raça humana que se opõem a si própria, confunde,
permeia e devora.
"Estou farta de gente" diz Orlando algures nestas
páginas, como se quisesse dizer, como estou
dececionada; existe um desenrolar eterno nas paixões
de Orlando que terminam em deceções, talvez,
revelando que a vida curta ou extensa resume-se a um
aborrecimento que se sobrepõem e elimina pela
curiosidade constante.
Orlando não desiste nem abdica mantendo intacta a
sua candura.

Certa vez ouvi um comentário que Virginia Woolf
escrevia sobre o nada, não posso discordar mais;
Virginia Woolf escreve sobre o tudo.

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