14 de julho de 2022

 


AS INSEPARÁVEIS - SIMONE DE BEAUVOIR



Pode-se morrer de inconformismo? Revolta? Tristeza? Solidão? Amor infeliz?
Pode-se morrer porque se é excecional e os tempos não permitem exceções? Pelo cansaço, a falta de liberdade?
A indignação e a dúvida entre o bem e o mal?
O privilégio é uma palavra e uma acção dúbia, o amor tem diversas formas. Os Gregos tinham diferentes palavras para diferentes tipos de amor.

Início do século XX, o mundo e a sociedade tinham uma textura diferente. Fim da primeira guerra mundial, acredito que as convicções e certezas estavam um pouco confusas. Submergiam entre o antes - casto - e o depois - louco.
Não existem meio termos neste mundo. As que fogem às normas (sejam elas quais forem), são loucas, as que se submetem a elas serão castas até à loucura.

O que poderia ser uma mulher neste Universo? Acredito que ainda longe da transição entre um simples objeto e um ser humano.
A identidade, a resistência, liberdade, escolha, são lutas recentes e que se desvanecem quando à alma não lhe é permitido aceder.
O peso da culpa e do pecado, a assunção autoritária da bondade ou maldade de Deus.
O homem com livre arbítrio do julgamento da necessidade.
Como ao homem é dado a primazia da escolha? Como pode um homem afirmar amor, quando não se dispõem a abdicar?
E porquê abdicar? Que pensamento tão feminino!
Pode-se morrer de dor, não física mas emocional; pode-se morrer por desistência ou cansaço.
Pela privação do ser.

Este testemunho de Simone ficcionado em novela revela a candura do amor inocente dos bancos de escola. Digo inocente, mas será talvez, o mais puro e verdadeiro, desabrochado na verdade e ausente de interesses.
Simone de Beauvoir poderá ser considerada privilegiada à luz do seu tempo; sendo ou não, Simone alcançou sem esforço a primazia do amor que nada exige, a tudo se dá e encontra a alegria na rosa desabrochada do outro.
Zaza, ficcionada de Andrée não... pode-se morrer pela privação do ser. 
    


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