12 de julho de 2022

 


RENASCER

DIÁRIOS E APONTAMENTOS - SUSAN SONTAG


Não é Susan Sontag, mas não deixa de ser Susan Sontag. Na verdade é mais do que Susan Sontag, é a própria Susan Sontag.
Como refere, algures; o hiato entre Susan Sontag e "Susan Sontag"
Considerada a última estrela literária dos Estados Unidos, o seu diário e apontamentos mostra uma mulher distante da palavra estrela, próxima de um ser humano fascinante. Fascinante mesmo.
O texto de Benjamin Moser na revista Ler de Inverno 2021, complementa a dedicação que pretendo dar à sua obra.
As ideias sobre escrita, o ardente e incessante desejo de aprofundar e expandir a sua instrução. Uma mulher inspiradora. Compreendo o fascínio pela personagem. Susan Sontag poderia até ser, um grande logro ao vivo e a cores, mas teve e terá, muitos outros a espelharem-se em si.
O único tipo de escritora que posso ser é a que se expõe... escrever é expandirmo-nos. Mas até agora eu não tenho gostado nem do som do meu próprio nome. Para escrever eu tenho de gostar do meu nome. O escritor está apaixonado por si próprio... e faz o seu livro desse encontro e dessa violência."
O espelho e o fascínio começa aqui. Como qualquer diário a repetição é notória.  
Susan Sontag repete-se, expõem-se, fragiliza-se, humaniza-se. A conduta exploratória é que a sobressaí de todas as páginas. A mulher que luta pelo ideal de que a vida e a cultura, eram algo por que valia a pena morrer. 
Alguém que timidamente e de forma determinada se foi criando a si própria à imagem dos seus desejos.
O fim deste diário leva-me ao ponto inicial; porquê Susan Sontag é tão fascinante e impõe quase sem me aperceber a necessidade de procura e de espelhar-me em si?
No diário; (1947-1963), Susan Sontag não é uma estrela, mas uma rapariguinha prestes a sair da secundária e a iniciar a faculdade. Dezasseis anos separam o fim do principio e Sontag alimenta diversas experiências, sentimentais e emocionais. Assistimos ao nascimento de um ser humano consciente das suas limitações, ambições e desejos.
Tudo é conhecimento - aperfeiçoa-te - o contexto está adulterado quando retiro a palavra do parágrafo a que pertence, mas apenas esta palavra interessa - aperfeiçoa-te.
Susan Sontag grita-o a cada página que escreve, nas experiências vividas até ao limite, na leitura de um livro, ávida, decomposta, releitura; a sua listagem de obras, as comparações, o empenho; as interpretações filosóficas, o cinema, o casamento e o filho, a mãe e as vivências amorosas. 
A arte não estava separada da vida para Susan Sontag, daí o seu molde ser tão convincente e a imitação necessária a quem a admira, mas pouco convincente.
Acredito que ninguém conseguirá ser Susan Sontag, nem sequer tocar ao de leve no hiato "Susan Sontag" 

Depois desta leitura, tudo quero saber de Susan Sontag, a tudo vou-me agarrar.
Leio novamente estes cadernos de apontamentos. Como são tristes e monótonos! Será que nunca conseguirei escapar deste interminável luto por mim própria? O meu inteiro ser parece tenso - expectante..."


P.S - A pesquisa sobre a personalidade Susan Sontag é diversa. Ela é descrita como uma das mais importantes intelectuais norte-americanas da segunda metade do século XX, escritora, professora, ativista na defesa dos direitos das mulheres e dos direitos humanos, ensaísta, cineasta, filósofa e crítica de arte.



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