HISTÓRIA BREVE DA HUMANIDADE - SAPIENS - YUVAL NOAH HARARI
A humanidade é um mito, esse mito já é um Deus.
Existirá algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?
Na leitura sou bastante influenciável.
Por isso não é com surpresa que admiro a minha reação ao ler este livro.
O escritor, qual historiador aplicado, não pretende dar opiniões ou sequer levantar fundamentalismos, mas, apenas e só, apresentar factos que à luz do humano distraído como eu, passariam ao lado.
A breve lição sobre a humanidade é lúcida e se eu acreditava em deuses, mitos, ideais políticos, religiosos ou até de consciência, descubro que em 70 000 mil anos, o homem, nada mais fez que encaminhar-se para revoluções que o poderão destruir.
Yuval Harari, corre o fio, um a seguir ao outro, sem se mostrar disponível para nos condenar ou absolver. Essa perspetiva cabe a cada um de nós.
Se querem alguém que vos encaminhe para um pensamento único sobre a evolução humana, por favor, não leiam este livro. Se quiserem certezas, por favor, não o leiam também. Ele não pretende dar nenhuma resposta, mas apresenta todas as variáveis históricas do mito Sapiens.
Para as consciências humanas os factos históricos são inúmeros e enormes.
Para um deus que chegou tão longe, vivemos constantemente inadaptados ao topo do ecossistema. Escolhemos, demos saltos apressados, suplantamos a inteligência e a natureza, moldamos os outros seres às nossas escolhas, destruímos quem se diferenciava.
Muitas calamidades históricas, desde guerras mortíferas e catástrofes ecológicas resultaram deste salto demasiado apressado.
Discutível? Sim. Poucas questões serão unanimes ao longa desta História Breve da Humanidade.
O que foi que nos distinguiu de todos os outros, animais, ecossistema? Porquê sobressaímos e sobrevivemos quando eramos mais frágeis do que dos demais?
A linguagem. A cooperação social é a chave para a nossa sobrevivência e reprodução.
Tagarelar, composta por mexericos, falar sobre coisas ficcionais, está enraizado na linguagem do Sapiens e é o que nos diferencia de todos os outros.
Criamos crenças e mitos próprios apenas da imaginação e cooperamos assim, em larga escala.
A crença coletiva é tão forte que a história cobriu-se de revoluções evolutivas em que o único denominador comum era a relação humana.
Ideias, imagens e fantasias, torna-nos ligeiramente menos que deuses e até aos dias de hoje, os passos seguintes foram poucos, lentos os primeiros e a medo, a uma velocidade alucinante os últimos.
Sem juízos de valor, as evoluções não são boas nem más. Creio que toda a narrativa reflete isso mesmo.
Apenas deslumbramos com mais clareza no fim destas páginas, mas continuamos disponíveis para as nossos próprias ideologias.
A minha relação com a biologia e a ciência é muito distante, com a história não, mas confesso que não é o tipo de livro ao qual dou preferência.
Esta compra foi um pequeno estímulo e a sua leitura continuamente adiada.
A religião, a política, capitalismo, o próprio liberalismo e o dinheiro.
Sapiens significa morte e mito, e os ciclos renovam-se continuamente. O sistema de escrita é uma descoberta tão importante como o fogo.
Com ela, os seres humanos alteraram a maneira como pensavam e viam o mundo.
Existem temas sensíveis e muito importantes que o escritor expõem e leva-nos a pensar; destaco a escravatura, a domesticação dos animais da quinta e a sua desumanização, o conceito de felicidade, e não menos importante, o papel dado à mulher, ou o não papel, para ser mais correta.
Destaco assim todo o capítulo oito, não querendo menosprezar tudo o resto.
Muito conta este livro.
O meu exemplar está repleto de notas e outras coisinhas mais que povoam os livros que remexem com o meu pensamento.
Mas o que mais posso dizer?
É muito importante a sua leitura, essencial para formar as nossas próprias ideias.
A humanidade é um mito, assente na linguagem e nas relações sociais. Este livro, tem como principal objetivo fomentar o nosso raciocínio.
Por isso, é ler!
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