A MORTE EM VENEZA - THOMAS MANN
Uma novela simples e delicada sobre os sentimentos fascinantes que um escritor de renome, sente por um adolescente numa estância de férias em Veneza.
Ainda no seguimento do tratado de Sêneca, foi com alguma surpresa que encontrei na minha leitura seguinte, semelhanças à ameaça referida por Sêneca.
Aschenbach é um escritor reconhecido no seu meio, viúvo, que dedica o seu tempo à escrita; dono de um quotidiano férreo ao qual não se permite, ele próprio, ao ócio.
Teria Aschenbach tempo para si? Seria ele capaz de subjugar a sua realidade quotidiana a uma verdade mais profunda e duradoura?
Foi nesta perspetiva e após cruzar-se com uma personagem desconhecida na rua que Aschenbach colocou dúvidas de si para si e decidiu tirar umas férias.
Em Veneza descobriu o rosto da beleza consagrada em Tadzio, um adolescente que partilhava o mesmo hotel.
Os dias passam e Aschenbach sobre a influência filosófica, subjuga-se à relação com o belo e compreende-se.
O desejo e a virtude gravitam na sensibilidade com que este escritor dedica nos olhares tardios que dedica a Tadzio. É contudo nobre todos os seus sentimentos, apenas espirituosos que se limitam a contemplar o belo e o fugazmente eterno; a imagem dele, idolatrando aquilo que vê, subjugando os seus próprios sentimentos de homem ímpio e limitando-se à veneração.
Estas paixões acontecem porque Aschenbach deixou de ser um homem ocupado, como diria Sêneca; olhou para o lado, dispôs-se a compreender o meio envolvente à sua volta no vagar dos dias, ocioso de si e dos outros, disponível para o mundo como um todo.
São estes sentimentos que ele dedica ao longe, apenas na observação a um adolescente de deslumbrante beleza que permite que ele se veja e ás suas próprias emoções.
Uma novela de rara beleza e delicadeza; uma narrativa simples. Belíssimo.
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