19 de setembro de 2022

 


MANIFESTO PELA LEITURA - IRENE VALLEJO



Irene Vallejo ficou irresistível desde o seu amado "O Infinito num Junco".
Talvez um dos melhores livros de não-ficção que li nos últimos tempos e que jamais esquecerei.

Por isso não foi dificil agarrar-me a este manifesto pela leitura que a causa, Ler é Essencial distribui gratuitamente.

É tão pequenino que cabe no nosso bolso das calças, mas é acima de tudo um manifesto de memória;
Memória que perpetua a necessidade de mudança;
Memória para compreendermos que a leitura faz de todos nós um pouco menos ignorantes do que ontem;
Memória para relembrar que a literatura é, será e foi um farol salvador de muitas almas no meio de tempestades;
Memória para conjugar a nossa fragilidade e que a linguagem, a escrita e a literatura permitiu-nos sonhar com o inacreditável;
Memória para nos sentirmos na pele dos outros, experimentarmos a empatia, desconfiarmos do egoísmo e esperar que nos aconteça o melhor que nos pode acontecer; ser todas as pessoas e não ser nenhuma.
Memória que podemos enriquecer diariamente, em águas distantes ou tão perto de casa, através da intimidade das palavras, da convivência e as competências sociais que um livro nos dá;
Memória que a vida é injusta e a boa literatura é um desafio ao que existe, aos nossos desejos e aos nossos sentimentos de posse.
Memória de que muitas vezes, é nas páginas de um livro que encontramos os sentimentos confusos que sobressaltam a nossa real vida, escarrapachados aí, como se o escritor nos virasse ao contrário e nos apontasse o dedo! É para ti que escrevo.
Memória de que o nosso fracasso escolar é basicamente, um fracasso linguístico.
Memória de que a leitura cura.

Numa época convulsa feita de pressas, de produtos completos, prontos a digerir, o livro não é um ato passivo; é a liberdade acima de tudo, a verdade mastigada sem demora, as ideias que nos libertam e devoram.

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