25 de maio de 2020


A Morte do Papa - Nuno Nepomuceno



"- A vida que nos foi dada por Deus é infinitamente preciosa!
Ainda mais do que a doutrina feita pelo homem.
O Papa Mateus fez uma ligeira pausa, ganhando fôlego. Concluiu:
- Preservemo-la bem, pois não tem preço."

Fiquei indecisa quando comprei este livro... recebia com frequência publicidade no "Facebook" sobre o autor e o nome não me suava estranho, apesar de não conseguir identificar onde, quando e porquê!

Ainda estive com o titulo "A última Ceia", na mão, mas nesse dia acabei por não comprar nada, e quando voltei á livraria já estava disponível "A Morte do Papa".
 Assim como assim, começava pelo fim! 

Não sou "doida" por Triller´s. Pelo menos nos tempos actuais. Mas já o fui em outras ocasiões. 
Não considero que seja um estilo menor, muito pelo contrário, pois um bom triller agarra o leitor ao livro como uma lapa inoportuna e os nossos níveis de adrenalina ficam visivelmente alterados.

Houve alturas em que a leitura desses livros me proporcionava essa adrenalina necessária, assim como as séries na TV até ás primeiras horas da madrugada.
Com os anos fui trocando tudo isso por leituras com outras realidades e deixei a TV de lado.
Como tudo na vida, volto á TV e ás séries, agora por outra mão (Netflix), e aos Triller´s, mas de uma forma completamente diferente. Mais reflectida e com outra qualidade.

Há bem pouco tempo li o livro de João Tordo, e voltei a interessar-me por este género literário. Daí até ao "A Morte do Papa" de Nuno Nepomuceno foi um passo.

O livro em si está muito bem escrito. A história é envolvente e contada de forma aprazível. 
Tem um andamento coerente e em momento algum nos perdemos em algum caminho. 
O final, ou seja o assassino do Papa é uma surpresa. Não podemos bem chamar assassino, diria mais que foi um descuido. De qualquer das formas o próprio Papa não poderia sobreviver aquela noite, pois as razões para a sua morte eram muitas.

Pelo caminho o autor apresenta-nos outros mistérios por desvendar, que não estando completamente ligados, fazem parte da mesma intriga.
Nepomuceno consegue sempre manter-nos vivo o interesse pela morte do Papa, mas ao mesmo tempo leva-nos para outros mistérios que queremos ver resolvidos.

A história é baseada em factos relacionados com a morte do Papa João Paulo I em 1978. 
Esta sim, uma história real. 
Nepomuceno, agarra nesses factos e reescreve uma narrativa nos nossos tempos actuais. 
A Santa Sé não é aqui representada da melhor maneira, mas quem acredita que os homens estão acima de Deus ou ao mesmo nível de Deus é que ainda poderia ter ilusões na humanidade.
Somos todos homens, e como homens imperfeitos!
No entanto como o próprio escritor já citou em tempos a "Religião pode ser o que de mais perigoso há no mundo."

Pelas pesquisas que já fiz para os outros livros do Nuno, o escritor recupera uma personagem regular, Afonso Catalão. Não sendo a personagem principal encaixa em todo o livro e é a meu ver a personagem mais completa.
Há vários mistérios a resolver. A morte do Papa, o desaparecimento de uma adolescente na Cidade do Vaticano há quinze anos atrás. A identidade de um delator que utiliza uma plataforma digital para enviar informações para os média, e os crimes e ilegalidades que sobejam pelos Cardeais, pelos Padres, secretários e quase tudo o que mexe dentro da Cidade do Vaticano.

Tudo se dá a conhecer no fim, e com imprevisto. 
Considero apenas que a morte do segundo Papa acaba por ser um pouco forçada no final do livro.
Como diz a contra-capa do livro "Pleno de reviravoltas e volte-faces surpreendentes, intimista e apaixonante", e de acordo com a nota final do autor inspirado em sólidos factos reais.

Envolveu um grande trabalho de pesquisa e uma grande capacidade do autor em transformar esses factos reais numa história totalmente original.
Acredito que irei ler em breve os outros títulos do autor. Descobri também e com grande surpresa que o Nuno Nepomuceno nasceu nas Caldas da Rainha. Ora aí está uma coisa que temos em comum! Eu bem me parecia que não me soava estranho!

Uma nota á autora da capa do livro; Belíssima!



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