REBECCA - DAPHNE DU MAURIER
A narradora desta história é a jovem mulher de Maxim de Winter.
Maxim tinha enviuvado de Rebecca há cerca de 10 meses quando a conhece e num ato repentino pede-a em casamento.
A narradora é como já referi jovem e ingénua e ainda tem muitas daquelas ideias de finais felizes e amores à primeira vista.
Para além de ser jovem, ingénua é também inexperiente.
Ele, Maxim, com alguma diferença de idade, ainda atravessa o luto pela perda da mulher e aparenta um estado pálido, doente e distante.
Tinham tudo, para que este relacionamento não desse certo! Não sei se foi o que pensaram, mas foi decididamente o que eu ia pensando com o passar das páginas.
Achei particularmente interessante nunca ser referido o nome desta personagem, narradora.
Perdoem-me se ele estiver lá, mas confesso, eu nunca encontrei nenhuma referencia, a como se poderia chamar esta jovem narradora que casou tão à pressa com Maxim de Winter.
Alguém encontrou?
Gosto muito de como a história é contada e evolui. Na primeira pessoa. É dos meus preferidos. É mais íntimo.
Eu sei, que desta forma existe sempre uma personagem que saí amplamente beneficiada em relação ás outras, mas a minha relação com ela é sempre mais íntima.
A história é intrigante e carregada de suspense. Para um livro que foi editado pela primeira vez na década de trinta do século passado é bastante, - como é que eu posso dizer, para que não me interpretem mal! - Enxuto! Sem grandes floreados, com uma história corrida e simples.
Confesso que quando escolhi o livro, escolhi-o um pouco a medo, mas fiquei agradavelmente surpreendida como a história cresce e termina.
A escrita é fluída e nada maçadora e sem dar conta, lá estava eu de livro na mão a devorar perto de cem páginas por dia.
Primeiro queria perceber tal como a narradora, o que tinha acontecido verdadeiramente a Rebecca. Porque morreu, e qual o segredo que estava dia-a-dia escondido naquela casa.
Depois queria que ela - a narradora -, tivesse a capacidade de se livrar da sombra da Rebecca, e por fim, torci para que Maxim não fosse acusado da morte da mulher.
É psicótico pois! Parece que estamos sempre na corda bamba, suspenso por um pormenor que os pode ou não tramar.
A Rebecca que inicialmente é descrita como a mulher perfeita, não o é. E Maxim que parece um homem distante, frio e fechado na sua dor pela perda da mulher, afinal, bom! É melhor lerem!
Manderley é uma propriedade de luxo. Um autêntico cartão postal onde qualquer um de nós gostaria de viver.
Mas o que de fora parece um sonho, ás vezes por dentro pode parecer apenas e tão somente um pequeno pesadelo.
O que a jovem mulher de Maxim encontrou quando chegou foi uma casa gerida pelas mesmas regras que uma "morta", tinha definido, e era assim que viviam todos, presos à lembrança de uma Rebecca e à forma como se vivia na época dela.
Tímida por natureza, e como já referi ingénua e inexperiente a narradora refugia-se naquilo que são as regras instituídas naquela casa, e vive na sombra da outra.
Com o tempo, convence-se que o próprio marido não a ama, mas ainda vê Rebecca.
Ela não tem capacidade de competir com alguém tão perfeito e que já morreu.
"Sorriu, deu-me um apertãozinho no braço, e eu pensei na alusão a ser serena, na imagem de calma e conforto que dava, alguém com o tricot no regaço, sem uma ruga na testa. Alguém que nunca se sentia nervosa, nem torturada por dúvidas ou indecisões, ansiosa, assustada, a roer as unhas, sem saber ao certo para onde ir, que estrela seguir."
Aparentemente todos lhe fechavam o cerco em torno de uma lembrança e de uma comparação com uma morta.
Mrs. Danvers, uma espécie de governanta que ela tentou agradar inicialmente, não criticando, não alterando e não se impondo, não passava de uma apoiante fervorosa da memória da antiga patroa ao qual ajudou a criar.
A sua relação cedo se transformou não numa relação normal de patroa/empregada, mas de medo e vingança.
Mas, como em todas as histórias, nem sempre o que parece é.
Nem Rebecca era tão perfeita, nem todos são assim tão inocentes.
A jovem narradora terá de descobrir o seu caminho, e crescer emocionalmente num piscar de olhos.
As últimas cem páginas são eletrizantes com todas as cartas a serem postas em cima da mesa.
Posso dizer, que até Rebecca que já morreu, joga.
Até ao fim vivemos suspensos.
Está tremendamente bem escrito. Daphne du Maurier é sem dúvida uma escritora a reter.
Agora se me dão licença, vou ver o filme no Netflix!
Não conhecia o livro. De Rebeca só me lembra a música :)
ResponderEliminarÉ um excelente livro
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