14 de setembro de 2021

 



O QUE DIZER DAS FLORES - MARIA ISAAC


"Cada virtude está no equilíbrio entre dois defeitos. É fácil enganarmo-nos nas medidas do que somos; um bocadinho a mais de um ou a menos de outro...e estamos em grandes sarilhos."


É uma ligeira continuação do primeiro livro da escritora Maria Isaac. Bem que me avisaram para ler primeiro "Onde Cantam os Grilos". Estão interligados, não diretamente, mas estão. Gosto bastante desta abordagem perante a história.

Digo breve porque puxa a história mais para a frente, desloca-a ligeiramente de lugar e acrescenta-lhe novas personagens, mantendo as essenciais da história anterior.

Gosto muito deste conceito e acredito que não ficaremos por aqui. Existe sempre espaço para mais uma história, mesmo que se mude, apenas e só ligeiramente o enredo.
Por isso, peço-vos, por favor, façam como eu e sejam bons meninos. Leiam os livros seguidos. Primeiro "Onde Cantam os Grilos", depois "O Que Dizer das Flores".

Quando li "Onde Cantam os Grilos", em Julho considerei uma das minhas leituras preferidas do ano.
Não gostaria de ficar pela comparação porque se o tiver de fazer considero o primeiro livro com uma história mais consistente e mais atrativa.
Contudo e apesar de tudo, a Maria Isaac continua a suscitar o meu apreço pela sua escrita e pelas suas histórias. Continuamos presos à terra e às gentes de modos simples. A personagens cativantes e humanas. A filhos sem pais, a homens sem amor e a mulheres lutadoras e sonhadoras. 
Estas personagens femininas são verdadeiras personagens. Cativam, magoam, encheram o meu coração com a sua ternura e as suas ilusões e os seus sonhos desfeitos e refeitos. Cheias de bom-senso e amor-próprio.

Catalina, essa miúda travessa e pura, Lídia, Celeste e Antónia, Rosa Duque e a enigmática Ana Vaz que consegue atravessar mais um livro sem se dar a conhecer.
Ainda haverá espaço certamente para um livro sobre ela.
Lena, a adolescente sombria e aparentemente vazia, cheia de sonhos como todas as outras. Como todos nós. Matilde, a nossa conhecida Matilde sem escrúpulos que segue sempre o seu próprio caminho. 

Homens maus, homens injustiçados ou nem tanto e segredos por desvendar. Há sempre um bom segredo nas histórias da Maria Isaac.
A descoberta surpreendente do narrador.

É um livro pequeno mas deu-me a volta. Descobri e aceitei que com a Maria Isaac tenho de ler devagar. É isso que a sua escrita espera de nós, suavidade e tempo. Tudo tragado em pequenos goles.

O que virá a seguir? Temos espaço para tanta coisa!

P.S - Legendei a foto do livro com um breve trecho do livro. O mesmo fala de virtudes e defeitos. Da linha que nos separa entre os sarilhos bons e os sarilhos maus. Mas o que são virtudes e o que são defeitos. Uma bela questão? Alguém me ajuda nesta procura?
     

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