UM MUNDO À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS - MATT HAIG
Sem ser um livro de leitura compulsiva, garanto que deixa a sua própria marca.
O autor fala de muita coisa, aborda muitos temas, mas a mais presente, a que que melhor se enfia na pele é a vulnerabilidade.
Algures, já na parte final do livro, ele fala de livros. Diz uma coisa curiosa;
"A única coisa que um escritor pode fazer é oferecer um fósforo (e, de preferência, um fósforo seco). Depois, é o leitor que tem de acender essa chama e dar vida ao livro."
Um pensamento interessante dentro da perspetiva e que me reduz à insignificância sempre que tenho o triste hábito de falar de "nós" quando comento a leitura de um livro.
Falando em perspetiva reconheço-me um pouco perdida nas minhas possibilidade. É que perante as frases sublinhadas e os post´its que colei no livro elas são imensas de desmedidas.
Mas a verdade é que eu pouco sei por onde posso começar.
Que estamos doentes como ser humanos?
Sim.
Que o nosso planeta sofre?
Sim.
Que somos e sempre seremos indivíduos e apenas indivíduos?
Sim.
Que a sobrecarga da vida não nos permite viver?
Sim.
Que até podes fazer trocadilhos com as palavras e que elas não são a formula da felicidade; merecer, obter, já, dar. Qual delas está mais próxima do nosso eu?
Não posso dizer que o livro arrebatou a minha alma, mas que o tomar consciência da sua própria realidade pode, por vezes e em certos momentos ser assustador.
O momento da sua leitura é tão perfeito como a sua escrita.
Que eu, e perdoem-me, não nós, só eu, cabe-me moldar o meu futuro e só o meu não o nosso.
Paz, bondade, amor, gratidão. Quantas destas palavras se podem aplicar ao fundamento da posse?
Volto ao principio da resenha da mesma maneira que volto às páginas finais do livro. A capacidade de cada história ser diferente para cada leitor.
É nesse ponto sensível que me encontro. Eu, não nós!
Na capacidade de ser um só, como uma vivência à escala humana.
Leiam, por favor! Não tenham vergonha de encher de riscos, post´its, comentários na lateral, nas bordas, no fim.
Sou apologista de todos esses recursos, menos de dobrar ou rasgar folhas. Não sentem os gritos de desespero quando fazem isso?
Deve ser o meu "eu" traquina que os ouve!
"Porém, enquanto as possibilidade de escolha se tornam infinitas, as nossas vidas continuam a ser medidas por intervalos de tempo limitado. Não conseguimos viver todas as vidas possíveis. Não conseguimos ver todos os filmes, ou ler todos os livros, ou visitar todos os locais que existem neste belo planeta. Em vez de nos sentirmos bloqueados pela possibilidade de escolha, temos de saber editar. Temos de descobrir o que faz bem e pôr o resto de parte. Não precisamos de outro mundo. Tudo aquilo de que precisamos já está neste, desde que abdiquemos de pensar que precisamos de tudo."
"Viver à escala humana. Concentrarmo-nos nas poucas coisas que poderemos fazer, em vez de nos milhões de coisas que nunca conseguiremos fazer. Não desejarmos ter vidas paralelas. Descobrirmos uma equação mais simples. Termos orgulho em ser um número primo indivisível. Termos orgulho em sermos um só."
"Só o amor nos poderá salvar."
UM MUNDO À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS, o titulo que mais encaixa na nossa situação atual, na minha perspetiva... O meu pensamento foi, é mesmo isso...
ResponderEliminarÉ uma perspetiva um pouco mais assustadora. Por vezes não temos noção da verdadeira realidade, e ao deslumbrá-la, nem que seja por breves momentos, pode sim, levar-nos a um ataque de nervos.
ResponderEliminarBoas leituras Carla e obrigada pelos comentários.
Obrigada e igualmente :)
Eliminar