22 de fevereiro de 2022

 


OS INVERNOS EM PARIS - ISABEL RIO NOVO





Um inédito do Expresso. É um livrinho pequenino com dois textos inéditos de dois escritores portugueses diferentes. Eles "casam" por empatia. Estão de cabeça para baixo, um em relação ao outro.
Se abrirmos a primeira página e procurarmos a informação, encontramos o propósito desta coleção.
"Coleção Multimédia inéditos do Expresso"; versão áudio e versão e-book de cada um dos textos e ainda uma banda sonora composta por Rui Massena. Publicação (Fevereiro 2018)
Tenho esta coleção na minha estante como tantas outras do Expresso. Já tinha lido alguns textos inéditos, mas no principio da semana, num movimento de relance parei os olhos neles.
Olhei para um, (o nome Isabel Rio Novo de quem recentemente comprei um livro) e dei conta que não. Não! Este eu não li. Abri o livro depois de o tirar da estante e encontrei-me na primeira página, depois passei para a segunda, ali especada, em pé, encostada à estante.
Fechei o livro e coloquei-o no mesmo lugar. Depois! Pensei. A seguir, memorizei.
Já devem ter reparado que esta patareca aqui não tem boa relação com leituras simultâneas de ficção. Se juntar um não-ficção com um ficção até é capaz de deslizar direitinho. Mas não peçam mais a esta patareca.

Voltei lá dois dias depois e o encosto que dei à estante foi menos apressado.
Descobri uma Isabel Rio Novo, uma Patrícia Reis e uma Maria Teresa Horta. Ainda não tinha passado os olhos por eles. 
Agora, estão no topo do Evereste das minhas próximas leituras e foi com desvelo que sentei-me no sofá da sala com a lareira acesa e traguei num ápice estas cinquenta páginas de "Os Invernos em Paris." 
Suspirei no fim. 
Eu compreendo o exercício de condensação. Qual a capacidade de colocar num limite imposto, tudo!
Cortar o supérfluo, manter apenas o essencial.
"Os Invernos de Paris" são assim. No limite está lá tudo dentro.
Aquela pessoa funcional desfia o essencial da sua vida dentro daquele limitado espaço temporal. A sua infância, ou o que de mais importante aconteceu nela, a sua passagem pela escola, as suas viagens e a sua tese. Paris. Os seus amores.
Há espaço para todos, Christian, Ricardo, Francisco por fim.
Como todos desapareceram da sua vida. A morte da mãe. O luto patológico.
O frasco de comprimidos que se insinua diante dos seus olhos.
Confesso que o último capítulo surpreendeu-me com o seu sussurrante "contínuo a funcionar"
Se esticarmos as pontas não teríamos ficado por uma história de cinquenta páginas. Quem sabe um dia Isabel Rio Novo não tenha vontade de exercitar esta menina.
Esta pessoa funcional que continua a funcionar.

"Continuo a funcionar. Funciono sim, discreta, regularmente. A vida pode ser interminável como um Inverno."


1 comentário:

  1. "estão no topo do Evereste das minhas próximas leituras" ah ah ah...
    Por cá são mais cordilheiras :)

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