A Educação dos Gafanhotos - David Machado
David Machado é um escritor pelo qual tenho um enorme carinho.
"Índice Médio de Felicidade", foi dos melhores livros de língua portuguesa que li, e também adorei "Deixem falar as Pedras".
No que toca a livros infantis e porque tenho uma criança em casa, David Machado também já lá entrou nessa divisão da casa há muito tempo.
Lembro-me de um dia que possamos na praia, de ter lido em voz alta "O tubarão na banheira" vezes e vezes sem conta.
Com as crianças tudo tem de ser repetido até ao limite. Posso dizer sem qualquer dúvida que "O tubarão na banheira" foi o livro mais relido e relido lá em casa.
Quanto A Educação dos Gafanhotos, confesso que a personagem David, me irritou profundamente durante o livro todo.
Talvez tenha sido essa irritação por ele que me manteve disponível para ler o livro até ao fim.
A história fala da viagem de dois amigos aos Estados Unidos. Começamos com um principio banal.
A viagem coincide com o 11 de Setembro e com o ataque terrorista ás Torres Gémeas em Nova Iorque.
O principio base da viagem destes dois amigos, é a viagem depois da viagem, e David, tem as suas ideias bem assentes de que a vida quotidiana das pessoas só as prende a realidades menores.
Ele pretende cortar os laços da sua vida, para assim poder viver livremente, pois pensa que só assim é que se vive verdadeiramente.
É um pensamento como outro qualquer, com os seus ideais e assente em bases solidas, pelo menos assim pensa David.
No entanto David, dentro de toda a sua filosofia de vida, mostra arrogância perante os seres humanos e as suas ideias contrárias. As suas atitudes com os outros sempre que eles manifestam uma posição diferente é de confronto e chega mesmo a levar umas lambadas pelo caminho.
Essa atitude irritou-me muitas vezes e confesso que demorei mais tempo a ler o livro do que aquilo que realmente pretendia.
Mas temos muita gente há nossa volta assim se pensarmos bem, aliás, muitas das vezes também nós somos um pouco assim.
Talvez o que me tenha irritado mais, foi a constatação de que por vezes também eu consigo ser assim.
É necessário nos controlarmos mais, nos vermos mais ao espelho. Não para vermos se temos uma cara "laroca", mas para verificarmos e analisarmos as nossas atitudes. Com os outros e com o mundo. Principalmente tentarmos perceber se somos realmente tão bons como nos temos em conta.
Somos capazes de ficar decepcionados de vez em quando, isto se soubermos ser verdadeiros e justos!
Para mim não é o melhor de David Machado, pelas razões que já referi em cima, mas é muito bom!
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