Olive Kitteridge - Elizabeth Strout
É uma história cativante. Profunda até!
Quando comprei o livro, tinha uma ideia diferente da narrativa. Confesso que estava á espera de uma história corrida sobre uma professora de matemática irritante.
Nada mais falso. Olive Kitteridge não é nada irritante, e acho que tenho um pouco dela, neste meu mau feitio e nesta minha capacidade de ser ás vezes uma menina mal comportada.
"Tem a sensação, sentando-se no seu habitual banco do meio, de que as mulheres são muito mais corajosas do que os homens."
Existe uma grande dificuldade dos outros, (nós todos), de lidarmos com pessoas politicamente incorrectas. Pessoas que não tem a bondade nos olhos, que são mais agressivas ou mais críticas. Temos muita dificuldade que nos ponham á prova, que nos chamem á atenção.
"Os traços de personalidade não mudam, os estados de humor, sim."
Mais do que isso, também temos dificuldade em lidar com isso. De encarar que não gostam de nós. Que irritamos, e que temos ciúmes e nos sentimos injustificados e até tristes com a vida e com os outros.
"Ninguém sabe tudo; e ninguém deve achar que sabe." "Toda a gente acha que sabe tudo, mas ninguém sabe absolutamente nada."
Olive Kitteridge é um livro que gira á volta de uma cidade Americana junto á Costa. O livro apresenta vários capítulos com várias histórias de vida de alguém que lá vive. A única relação entre as personagens é Olive Kitteridge, e é ao longo dos outros que vamos descobrindo as várias formas humanas de Olive. Com o virar das páginas descobrimos que não passa de uma forma humana como todos nós.
Somos feitos por camadas, e o que podemos descobrir ao longo do tempo é que essas camadas nem sempre nos suavizam perante os outros, principalmente quando temos alguém muito suave ao nosso lado. "Sabiam eles, nesses momentos, que eram discretamente felizes?"
Tive um fim de semana difícil por isso a leitura do livro foi quase espontânea. Há muito tempo que não tenho memória de sentar-me no sofá a seguir ao almoço e ler, ler, ler, e quando dei por mim, já o livro ia a mais de meio.
E aquilo que realmente me cativou em Olive, foi a sua personagem construída em cima da realidade do ser humano.
"Não tenham medo da vossa fome. Se tiverem medo da vossa fome, serão só mais uns patetas, como toda a gente."
Ás vezes fico muito triste por ter os sentimentos que tenho. Ás vezes acredito que poderia ser uma pessoa melhor e com menos rancor. Ás vezes sinto que quando sou demasiado dada sou constantemente manipulada.
Ás vezes somos todos um pouco como Olive Kitteridge, mas ás vezes somos todos um pouquinho humanos.
"... o que os jovens não sabiam... Não sabiam que corpos flácidos, envelhecidos e enrugados eram tão carentes como os seus corpos jovens e firmes, que o amor não era para se deitar fora descuidadamente..."
P.S - O livro recebeu o prémio Pulitzer Prize, mas apesar das pesquisas que fiz, não consegui descobrir em que ano ganhou esse prémio. Alguém pode ajudar-me?
Foi também considerado o melhor livro do ano para meios de comunicação como o "The Wall Street Journal", ou "USA Today", "People", e "Chicago Tribune"
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