Isto Acaba Aqui - Colleen Hoover
"Quinze segundos. É tudo o que é preciso para mudar completamente tudo sobre uma pessoa. Quinze."
Acabei o livro hoje de manhã cedo. Tenho por norma ler um pouco antes de deitar-me e acordar uma hora antes daquilo que são as minhas necessidades e aproveitar esse silêncio da casa para ler.
Descobri que é bem melhor do que de noite, pois a minha mente está bem mais desperta.
Pelo menos a minha! Tenho consciência que não somos todos iguais e cada um tem os seus tempos!
Cheguei a Colleen Hoover impulsionada por outras opiniões. Comprei o mais recente "Sempre Tu", mas achei que não seria o melhor livro para o começo. Fiz nova pesquisa e entre "Verity", "Isto acaba aqui" e "Confesso", segui o instinto e optei por "Isto acaba aqui".
Aqui um parênteses, a capa também ajudou!
Sou muito resistente em relação a escritores Norte americanos. Não são a minha primeira preferência. O mundo Americano nem sempre me agrada, e tenho poucos como referência.
Talvez o mais importante e que gosto mais seja John Steinbeck. Também já tive a minha fase Paul Auster e Nicholas Sparks e claro está George R.R. Martin.
Foi com essa postura que encarei Colleen Hoover, com alguma desconfiança, e foi com essa mesma desconfiança que comecei a ler "Isto acaba aqui"
Foi um inicio lento e parecia até uma história um pouco banal. A parte dos diários de Lily por vezes são até um pouco monótonos, tendo em conta que no inicio do livro, na primeira conversa entre a Lily e Ryle, essa história é exposta de uma forma clara.
Considero que a sobreposição das duas histórias não favorece o resultado final e ainda andei muito tempo há deriva naquilo que poderia pensar.
Confesso que por vezes a história levou-me para outros caminhos diferentes e fiquei com duvidas em relação aos sentimentos de cada um, principalmente aos sentimentos de Lily.
A minha confusão era plenamente natural já que a própria Lily estava a viver essa mesma confusão.
Apesar disso a escrita é muito fluente e a própria história ganha outra dimensão a partir do momento em que Lily é agredida pela última vez e pede ajuda para sair de casa. Toda a narrativa passa a ter a dimensão que merece.
O desfecho das várias personagens que compõem a história, mostra uma escritora e um ser humano maduro, que soube ir ao ponto principal da questão sem medos.
Todos nós temos tendência para julgarmos os outros. Mas temos pouca capacidade de compreender a alma humana. Em condições normais e na forma como a escritora apresenta toda a história muitos de nós teríamos tendência a acreditar num final harmonioso.
Não poderia ter sido mais harmonioso! Por vezes amar também é deixar o outro viver a sua vida.
Como refere a mãe de Lily na conversa que tem as duas, sobre o assunto, quando se ama alguém aquilo que mais queremos para essa pessoa é não a magoarmos, é não a fazermos sofrer, e por vezes para isso acontecer é preciso deixar essa pessoa ir... é a maior prova de amor!
Muitas provas de amor, são dadas no sentido contrário! Quantos de nós temos capacidade disso?
O livro apresenta-nos duas histórias distintas de viver uma agressão. A da mãe de Lily pelo marido desta e pai de Lily. E a de Lily por Ryle, o seu namorado e depois marido.
A primeira vez que a mãe de Lily é agredida já está casada. A primeira vez que Lily é agredida ainda não está casada.
O pai de Lily só tem comportamentos agressivos com a mulher, mas apesar de Lily não sofrer na pele essas agressões, cresce com uma profunda magoa para com o pai.
Com Ryle passa-se precisamente a mesma coisa. Os comportamentos agressivos são só dirigidos a Lily, mas este trás um passado com um trauma profundo.
A forma como as duas encaram estas realidades é diferente e nenhuma delas pode ser condenada.
Um livro poderoso, sobre um tema com demasiadas ambiguidades.
Como fazemos quando uma boa pessoa nos magoa?
É fácil ver a coisa, quando o agressor é arrogante e narcisista, como o pai de Lily. É mais difícil dar a volta há questão quando o agressor não é um agressor nato, mas descontrola-se!
Colleen Hoover surpreende nesse ponto especifico. Nunca nos apresenta o agressor como uma má pessoa. Ele não é má pessoa.
"Não existem pessoas más. Somos todos apenas pessoas que ás vezes fazem coisas ruins."
Por isso e por muito mais é que considero que a parte final do livro, a partir daquele pontinho que referi em cima, da ultima agressão de Ryle a Lily, é verdadeiramente inspiradora, pela capacidade que as personagens (todas elas!) tem de seguirem o caminho certo, por mais que custe! Em nome do Amor.
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