14 de março de 2021

 


AS MENSAGEIRAS DA ESPERANÇA - JOJO MOYES

"Não te peço que me ames sempre como agora, peço-te apenas que te lembres. Algures dentro de mim existirá sempre a pessoa que sou esta noite." F. Scott Fitzgerald (Terna é a noite)


Não vou entregar de graça o desfecho desta história. 
Preparem os lenços, e não tenham medo de chorar. Chorem por todas as mulheres inabaláveis.

Posso dizer que tudo tem uma solução! 

Estou a participar pela primeira vez numa leitura conjunta. Esta, em especial foi promovida pelo "CLUBE MANTA DE HISTÓRIAS"
O clube é um grupo no FACEBOOK que deriva do Blogue "MANTA DE HISTÓRIAS"
Foi um dos primeiros projetos que eu encontrei quando procurava material e inspiração para o meu próprio Blogue.
Este projeto está a anos luz do meu. Muito bem construído e conseguido, com a componente do Clube que incentiva à leitura.
São projetos como este que faz-me acreditar que o mundo dos livros não acabou e que quem lê ainda o faz de uma forma bastante apaixonada.

Nunca tinha entrado nestas andança de leituras conjuntas. Tinha sempre o receio da "privação da liberdade". Ficar demasiado limitada nas páginas a ler, ou não conseguir acompanhar o ritmo.
Acabei por acreditar que nada como experimentar, não é?
Como isto para mim é novidade, quero fazer isto bem, por isso decidi fazer um diário de leitura.
Ora aqui vamos nós!

Primeiro dia;

Pela primeira vez estou a ler Jojo Moyes. A história é inspirada nas mulheres da Pack Harse Library. Uma história baseada em factos reais. 
Estamos em 1937 em Kentucky, uma região Americana que tem tanto de belo como de brutal.
Nos capítulos que li neste primeiro dia a história gira à volta de Alice, a Inglesa que casou com o filho de um rico dono de uma mina da região.
Bennett tem tanto de belo como de distante, mas fora da sua realidade, em Inglaterra, Alice tem pouca capacidade de perceber quem realmente Bennett pode ser.
Alice é acima de tudo ingénua, e agarrada à ingenuidade vem sempre os sonhos. Os desgraçados dos sonhos das mulheres!
Para uma terra pequena e fechada o mais fácil é colocar uma estrangeira de lado, e cedo Alice percebe que está só.
Numa das reuniões da vila é apresentado o projeto da Biblioteca itinerante e são pedidas voluntárias para fazerem a entrega e recolha dos livros ás casas mais distantes da vila.
Alice oferece-se para o fazer. A menina Inglesa a fazer das suas!

Alice é sem dúvida a primeira grande personagem. É como se dissesse. Ok! Eu estou aqui. Eu não percebo nada disto, mas quero fazer isto! Eu não sei muito bem o que estou a fazer mas vou descobrir se me deixarem, se me derem espaço.   
Alice precisa de se descobrir a si própria. Vamos ver!

Segundo dia

A evolução da história hoje foi mais expressiva. Objetivo da leitura conjunta. Ler até à página 104.
Aqui começam a surgir outras personagens, Izzie, aquela menina tímida e mal humorada, agarrada à sua doença que não quer, nem sonha querer viver um pouco da vida.
Alice que aos poucos vai-se descobrindo como pessoa, vai ganhando coragem, vai caminhando pelo seu próprio pé. Tenho ideia que Alice ainda vai ter muito por descobrir e muito por que se desiludir.
Depois ou antes, temos a Margery. Acho que este livro tem muito para contar sobre Margery.

Terceiro dia

Hoje fiquei baralhada com o Bennett. Não sei se o posso considerar um autentico imbecil com a sua atitude distante, ou apenas uma pessoa profundamente disfuncional à sua própria realidade.
Este defende a Alice perante o pai, mas depois não tem qualquer atitude de marido convencional. Parece que flutua num limbo que é impossível de descrever.
Esta é uma história bastante completa... o enredo é confortavelmente extenso e as personagens vão aparecendo e aparecendo e ninguém parece estar a mais.
Alice tem uma pureza de espirito dificil de encontrar.
Quanto a Margery. Bem! Esta mulher tem bem os pés assentes na terra, e não tem medo de nada nem de ninguém.

Quarto dia

Alice continua a ser para mim a grande personagem deste livro. O enredo é tão vasto e são tantas as personagens que a escritora dá-nos a possibilidade de escolhermos o alvo da nossa admiração. Para mim é a Alice.
É considerada uma estrangeira na terra, o marido afasta-se, o sogro critica-a e desconsidera-a. Chega a trata-la como uma qualquer.
São as pessoas simples que a tratam bem, como o Sr. Horner ou a Kathleen.
Alice está a definhar por dentro e é tão triste ver isso à frente dos nossos olhos. A sua beleza, a sua inocência, a sua delicadeza. Tudo está a ser posto em causa.
"Podemos sempre pensar que existem pessoas que estão pior, mas não significa que seja necessariamente assim."
Hoje, Alice levou uma tareia do sogro em frente do seu próprio marido. Bennett pouco fez. Enfrenta o pai de vez em quando, tem uns breves laivos de o fazer, mas até as suas atitudes nestas alturas são um pouco dúbias. Porque o faz? Qual a verdadeira razão porque o faz? 
Quanto a Alice, espero que depois de tantas quedas, esteja na altura de começar a levantar-se.
Começo a ficar com a sensação que nem tudo vai ficar acabar bem. Mas para quem?

Quinto dia

Alice levantou a cabeça e recusa-se a voltar para Bennett. Os amigos, Margery e as suas companheiras apoia-a nesta decisão. 
Bennett não ficou muito abalado por Alice não voltar, quem sabe até aliviado por Alice ter ido embora e por alguém não ter baixado a cabeça ao seu pai.
O pai de Bennett já se percebeu, não é homem que se possa confiar e não gosta de ser contrariado. Por isso, e porque vê na Biblioteca algo ameaçador, tenta virar a vila contra elas há conta de um livrinho azul com conselhos íntimos que as mesmas faziam circular.
Esta reunião abalou a Biblioteca. Izzie foi obrigada a deixar o seu trabalho a mando do pai. E algumas famílias deixaram de querer receber livros. Beth partiu um braço e a Biblioteca fica reduzida a Margery e Alice. Podem contar com a ajuda de Kathellen, a quem Alice tanto ajudou.
Quando a chuva torrencial se transforma em cheias, são as Bibliotecárias em cima dos seus cavalos de uma forma inumana que salvam a população. E agora? Será alguém capaz de lhes fechar a porta?

É acima de tudo um livro que retrata a verdadeira força feminina. A vontade, a devoção que está no sangue de cada mulher. Ás vezes basta procurar porque ela está lá. A força das convicções dentro delas próprias. Margery, a mulher com rasgos de independência e que não se verga à vontade alheia. Alice, a ânsia de perceber onde está o seu erro como ser humano, cheia de delicadeza e humildade. Alice é a mais meiga delas todas. 
Beth. Ok! Beth não tem descrição. Faz lembrar aquelas colegas de escola que tínhamos e que nos apareciam por trás sempre com um ar despreocupado perante tudo na vida e com total indiferença para a teoria do certo e do errado.
Izzie. Quando percebemos aquilo que queremos e aquilo que somos capazes ninguém jamais nos pode parar. Assim está Izzie. De inicio só Alice estendeu-lhe a mão.
É curioso. Só Alice pode compreender inicialmente onde parava Izzie e do que ela precisava realmente.
Sophie, a negra que arranja livros e mantem a biblioteca em ordem. A bela negra que não se atravessa no caminho de ninguém, não desafia ninguém mas está lá para que não se esqueçam dela.
E Kathereen também lá parou quando foi necessário, a viúva a quem Alice consolou, a quem Alice leu em voz alta para o seu marido doente. Aquela que conheceu o amor. A grata.
Elas crescem com o livro, sem pressas mas de uma forma arrebatadora.

Sexto dia

Os papéis invertem-se. A força de Margery transforma-se em fragilidade, e a frágil Alice descobre a força dentro de si.
Grávida, Margery é presa e acusada da morte de um homem. 
Van Cleve, o sogro de Alice que precisa que ela saia do caminho, influenciador numa sociedade desigual consegue que a mesma seja presa em condições indignas apesar de estar grávida.
A força de Margery esmorece e a sua fragilidade transparece, mas Alice encontra a força para não abandonar a amiga, dia após dia, e quando a sua menina nasce é ela que lá está com a Sophie para a ajudar a percorrer o caminho dentro daquela cela. 

Sétimo dia

"Há sempre uma solução. Até pode ser feia. Até podes ficar com a sensação de teres ficado sem chão. Mas nunca estás encurralada (...) Há sempre uma saída."
Como já foi referido no Clube Manta de História, também para mim o livro iria passar-me completamente ao lado e não o iria ler, pelo menos nos tempos mais próximos. A grande vontade de fazer parte desta leitura conjunta foi gratificante.
Há sempre uma saída! Há sempre uma solução. Estas mulheres da década de trinta do longínquo século passado, num ambiente fechado, numa terra de ninguém provaram que ser mulher é ser inabalável. É encontrar força onde ela não existe, é encontrar equidade no meio de todos os sentimentos.

Sim...tudo tem uma solução! 







2 comentários:

  1. Claro que sim. Por vezes pode parecer que não, mas tem., 😊

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    1. Posso dizer que é um livro incrível, pela força que cada uma destas mulheres tem. Se pensarmos bem, nada muito diferente de qualquer mulher comum que se levanta de manhã e caminha em frente.

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