25 de setembro de 2021

 



UM QUARTO SÓ MEU (2)




 

O que é o luxo?

Aqui neste pequeno mundo meu, neste espelho redondo e enorme, o meu sonho é desmedido e profundo.

Aqui, eu desejo Castelos e Princesas. Desejo que a música nunca acabe e eu possa dançar com o meu vestidinho de seda e os meus pés descalços.

As minhas orelhas furadas com duas bolinhas de oiro são o meu luxo. O meu cabelo liso e cor do Sol poente. Os meus olhos castanhos presos ao espelho meu.
Diz-me, espelho meu! Existirá alguém, mais bonita do que eu?
Eu não quero dizer bonita! Quero dizer luxuosa. Interessante. Um quê de vaidosa.

Os meus vestidos de seda. Os meus olhos de menina regila.

 Escuta-me! Tenho sonhos. Um dia quero ser mulher sem o ser. Não quero ser mulher, quero ser a mulher.

Tenho sonhos de liberdade de escolha. Eu posso escolher? Posso, não posso?
Eu sei que posso escolher e não sou fútil. Os meus luxos não são sedas, veludos e sapatos de salto alto.
Os meus sonhos abarcam tudo o que é teu. Porque tudo o que é teu, um dia será meu. O teu poder não é eterno, mas o meu quando chegar, será!

Não me julgues mais. Fizeste-o em toda a humanidade.
Julgaste-me, aniquilaste-me, alienaste-me conforme a tua vontade.

 O que és tu, sem mim? Onde está o teu discernimento? A tua amabilidade? O teu amor? Tudo isso cresce dentro do meu corpo.

Ora aí está o meu maior luxo! Querer ou não amar-te.


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