14 de outubro de 2020

 

O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa 



"Tendo visto com que lucidez e coerência lógica certos delirantes sistematizados justificam, a si próprios e aos outros, as suas ideias delirantes, perdi para sempre a segura certeza da lucidez da minha lucidez." (135) - (1916?)




Será que ainda estamos lúcidos? Nok-Nok!!! Está aí alguém?

Em 1916, Fernando Pessoa na sua devastada lucidez, escrevia este pequeno paragrafo sobre a clareza de raciocínio ou a falta dela.
Mais de um século depois, todos os dias ou quase, eu pergunto-me, se serão os outros que têm ideias delirantes, ou se sou eu que já perdi o "fio da meada". 
Verdades que hoje são ditas com uma lucidez impressionante, amanhã não passam de relatividades que nos desfocam e a mim particularmente confunde-me.
Sou de compreensão lenta e por isso a mudança repentina de estados, ideias e certezas provoca-me enjoos e sei lá, tonturas delirantes de não saber o que ando aqui a fazer.
Oiço discursos na boca de certos iluminados que a comunicação social dá espaço e pergunto? Será que eles se ouvem a eles próprios ou fui eu que neste meio caminho, nesta peregrinação perdi a minha própria lucidez?
Tal como Fernando Pessoa o melhor é mesmo nem perguntar. Deixar aos entendidos das certezas da sua lucidez crescente a verdade das coisas e dos atos.
O melhor mesmo é acreditar que quem se perdeu por este caminho fui eu. E que bom!...
Devo ser eu que não percebo mesmo nada!



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