Objetos Cortantes - Gillian Flynn
É um livro perverso e viciante. Mesmo viciante, e posso dizer mesmo, mas mesmo muito perverso.
Como é referido na capa, estamos perante uma história sobre a maldade humana.
Sei que a maldade humana é muito difícil de definir. Já tenho idade suficiente para ter percebido que malícia é uma palavra muito relativa e que o mal e o bem são estados, não independentes, mas que andam de mãos dadas.
Por palavras claras, todos nós temos um pouco de maldade e um pouco de bondade, e este livro no meu ver pretende retratar isso mesmo.
Não se enganem, seremos todos feitos de crueldade, resta saber se essa parte de nós se sobrepõem ou não!
Até podemos fazer um pequeno exercício íntimo. Quantas vezes num dia conseguimos praticar uma traquinice sobre os outros... e, também sobre nós próprios!
Estou a vaguear nos meus pensamentos, eu sei! Conversas para outras alturas!!
Comprei este livro por impulso, não sabia nada da autora, mas existem pelo menos mais dois livros que me interessam e que serão compras futuras. "Lugares Escuros" e "Em Parte Incerta"
Curiosamente todos eles já com adaptações ao cinema.
Objetos Cortantes começa como uma simples história de furo jornalístico sobre um caso de polícia.
Numa pequena cidade de Missouri, duas crianças são assassinadas de forma idêntica. Nada de muito relevante e até desinteressante para a opinião pública. Contudo existe um jornal em Chicago que vê nesta história uma oportunidade para subir as vendas e decide fazer a cobertura do caso e escala para a história a única pessoa que não poderia ter feito.
Camille, natural dessa mesma cidade, com problemas do foro psiquiátrico e com um passado de dor e sofrimento na casa onde nasceu e cresceu.
A história a partir de um determinado ponto torna-se viciante e muito difícil de parar de ler.
Cheguei a desconfiar do verdadeiro assassino no inicio da história, mas a autora de forma brilhante distraí-nos para outros caminhos e até esquecemos que foi a partir daí que partimos nas nossas desconfianças.
Camille é uma personagem arrebatadora... daquelas que nos dá vontade de colocar no colo e abraçar.
É o sofrimento vivo das relações humanas e a única pessoa dentro do seu circulo que vê o mal dentro de si e percebe as fases e os estados de sofrimento que infligiu aos outros. É contudo a personagem que mais sofreu e a quem foram impostos vários sofrimentos. A sua falta de capacidade para lidar consigo própria leva-a a situações extremas de infligir dor a si própria como se isso a pudesse de alguma forma libertar de tudo o resto.
É esta mesma Camille que volta a Wind Gap para fazer a cobertura jornalística sobre o caso das meninas assassinadas e o que ela descobre e volta a reviver vai muito além da capacidade de um ser humano lidar com a loucura.
É uma vez mais arrebatada para essa angústia sem que possa, mesmo que tente fugir a ele, e descobre que o que existe há sua volta, dentro do seu seio familiar é um mal que pode estar dentro do seu próprio sangue. É a única que luta contra isso... aí está, a capacidade que cada um terá para sobrepor um estado ao outro.
Mais não posso contar. Estragaria o verdadeiro sentido do livro.
Leiam com o espirito aberto e o estomago assente. Nem vão acreditar quem é o verdadeiro assassino!
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