Sempre Tu - Colleen Hoover
É o segundo livro que leio de Colleen Hoover. O primeiro foi "Isto Acaba Aqui".
Confesso que fui humanamente siderada quando o nome Colleen Hoover apareceu no meu horizonte e a escolha por onde começar difícil.
A crítica empurrou-me para "Isto Acaba Aqui", mas no meu livrinho da árvore das patacas, onde desfilo os títulos de aquisições futuras, outros livros de Colleen surgiram com mais ou menos urgência.
"Sempre Tu", não era de todo urgente mas, mas até foi o primeiro livro que comprei da autora. Decidi deixá-lo de lado e até já esteve no fim do monte de livros por ler.
Costumo dar muita importância ao momento. De repente acabaste um livro e precisas de começar outro, e até tens uma lista dos seguintes, ou até os pões por ordem de leitura. Mas nada disto funciona, ou nem sempre funciona, quando o teu olhar pára ali. Agora é aquele. E agora é a vez de Colleen Hoover e de "Sempre Tu"
Dia 1)
Não posso dizer que o dia um, foi só um dia, mas dois. Li tão pouco no primeiro dia que a história não evoluiu sequer o suficiente para eu dizer alguma coisa. A primeira perceção era que Morgan é a personagem em que eu definitivamente me vou focar e identificar. Os outros já estão à partida derrotados. Mas a escrita de Colleen Hoover e as vivências simples marcam.
Dei por mim a abrir a boca de espanto, quando Morgan e Jonah esperam na sala do hospital. Esperem! Eu situo-os um pouco, mas só um pouco.
Morgan e Chris são marido e mulher e tem uma filha de 16 anos, Clara.
Jenny é irmã de Morgan que vive com Jonah e tem um filho de 2 meses. Jonah também o melhor amigo de Chris.
O livro centra-se nos sentimentos de Morgan e Clara, mãe e filha. A história é contada a duas vozes. Para já são os sentimentos de Morgan que me absorvem. Mas eu também só li 88 páginas.
"És uma sacrificadora. Nem sequer sei se isso é uma palavra a sério, mas é o que és. Fazes coisas que não queres fazer para tornar melhor a vida das pessoas á tua volta."
Morgan tem um casamento perfeito com uma filha em crescimento. Uma vida sossegada, e uma orientação nata. Segundo a filha previsível, fiável. Será?
Será que Morgan é tão transparente e sem mais? Será que é completa?
"Mesmo no ano passado já me sentia incompleta. Tenho orgulho no meu marido e na minha filha, mas quando olho para mim e para a minha vida, independentemente das deles, encontro muito pouco de que me orgulhar... por vezes o meu peito parece oco, como se estivesse uma vida sem nada de suficientemente significativo para preencher. O meu coração está cheio, mas é a única parte de mim que parece ter algum peso."
Dia 2)
Todos os dias deviam ser Domingo! Não acham?
Morgan perdeu o marido num acidente de carro. No mesmo carro ia a sua irmã Jenny que também morreu. A sua alma fica vazia e a dor é um pouco difícil de suportar. De repente as duas pessoas que estavam sempre ao seu lado deixaram de estar. Clara a sua filha. Bom ! Clara dava-se melhor com o pai e com a tia do que com a Morgan, por isso o caminho vai ser difícil e doloroso.
Depois, com tudo a acontecer ao mesmo tempo, Clara está a despertar para o amor. Deve ser dificil entender alguém com 16 anos. Deve ser dificil ter 16 anos e os outros nos entenderem. Os mais velhos!
Eu nem sempre os entendo!
Como disse no inicio, hoje é Domingo e no Domingo lê-se mais.
O ambiente está dificil e mais dificil fica quando Morgan e o namorado de Jenny descobrem que os seus respetivos eram amantes.
Uah! Se o mundo de Morgan já estava caído, agora atravessa a terra e o buraco fica maior com a perceção que o filho de Jenny não é do seu namorado, mas do próprio marido.
"Morgan. Bem no fundo, tinhas de saber, mas ambos sabemos como és boa a ignorar aquilo que está mesmo à tua frente."
Morgan não viu, mas a sua filha Clara também não parece muito atenta. Aliás a dor absorveu-a. A culpa martiriza-a, e a descoberta do primeiro amor desperta. É um timing complicado, mas Clara não está muito interessada em ajudar a apaziguar o sofrimento dos outros, pois descobriu como apaziguar o seu.
Poderá considerar-se uma atitude egoísta. Gosto de pensar que é uma atitude defensiva. Emocionalmente é preciso estar muito preparado para olhar para os outros. Morgan tem esse peso à anos.
"No dia em que descobri que estava grávida, deixei de viver para mim. Acho que é chegada a altura de descobrir em quem deveria ter-me tronado entes de ter começado a viver a minha vida por todos os outros."
Morgan ficou grávida de Clara com 17 anos. Casou com o pai da sua filha. Na altura namoravam e Jenny namorava com Jonah, melhor amigo de Chris. Nessa altura Jonah gostava de Morgan, mas Morgan não queria ver. "...ambos sabemos como és boa a ignorar aquilo que está mesmo à tua frente.""- Temo que nos tenhamos enganado.
A sua afirmação fez-me suster a respiração. Não lhe perguntei em que medida nos teríamos enganado, porque temia demasiado a resposta.
Temia que ele fosse dizer que não estávamos com a pessoa com que deveríamos estar. Claro, ele podia estar prestes a dizer qualquer coisa, mas foi para aí que a minha mente se dirigiu, porque, por que outra razão olharia ele para mim como olhava por vezes? Tentei ignorá-lo, porque eu e o Jonah nunca tínhamos sido românticos. Mas tínhamos uma ligação... uma ligação que o Chris e eu não tínhamos.
Odiei-o. Odiei o facto de o Jonah saber sempre quando algo me incomodava, mas o Chris não fazer ideia. Odiei que o Jonah e eu pudéssemos olhar um para o outro e saber exatamente o que o outro estava a pensar. Odiei a maneira como ele guardava sempre os Jolly Ranchers de melancia para mim porque era um gesto doce e eu não gostava que o melhor amigo do meu namorado fizesse coisas doces para mim. Além disso, ele e a Jenny tinham começado a namorar. Ao contrário da Jenny, eu jamais tinha traído a minha própria irmã."
Vai haver ainda muito caminho por desbravar e muitos sentimentos para acariciar. Afinal de contas todos procuramos o mesmo.
A certa altura Colleen Hoover faz referência a uma música. "Dark Four Door" de Billy Raffoul.
Coloquei-a na minha playlist do Youtube Music. Não me saí da cabeça!
Dia 3)
"Não tiveste de te manter à parte e ver a rapariga que amavas construir uma vida com o teu melhor amigo."
De repente olho para esta história e considero que tudo está errado devido à falta de dialogo. Em dezassete anos o altruísmo de certas pessoas leva-as a vidas vazias.
Chris e Jenny tinham uma relação amorosa mas não a assumiram. Jonah gosta de Morgan mas foi embora para que ele pudesse ser feliz. Morgan reprimiu sentimentos à custa de um bem maior, Clara.
E Clara? Bom, Clara é imatura demais para absorver tudo isto. Miller não se revela. E assim dá vontade de bater em alguém de cada vez que as conversas ficam a meio.
Dia 4)
"Os sonhos que tenho para a sua vida não são tão importantes quanto os sonhos que ela tem para si mesma... Os meus sonhos para a Clara < Os sonhos de Clara para si mesma."
Os adolescentes são peças de um puzzle difíceis de encaixar. Os adultos não são diferentes. A idade e a experiência de vida nem sempre nos dá a capacidade para enfrentarmos aquilo que a vida nos reserva.
"Os adolescentes acham que os pais já sabem tudo, mas a verdade é que os adultos não sabem como navegar a vida melhor do que os adolescentes."
Morgan acredita que se esconder da filha a traição do marido e da irmã, a filha será mais feliz. Morgan quis poupar a filha da dor da desilusão. Mas não podemos viver por eles.
É o segundo livro que leio de Colleen Hoover. Não me prendeu tanto como "Isto Acaba Aqui", mas é sem dúvida uma boa história e um livro que vale a pena ler.
Uma história de aprendizagem e de descoberta.
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