O meu nome é Alice - Lisa Genova
Apesar de ter sido um livro que foi editado em 2009, só o li o ano passado. Dez anos depois...
Foi daqueles livros que esteve muito tempo na prateleira e apesar de querer muito lê-lo, foi rejeitado por diversas vezes. Tenho vários assim, adormecidos nas minhas prateleiras de livros que esperam pacientemente uma oportunidade.
Assumo que o tema não é fácil de lidar, por isso, sempre que olhava para ele, bom!... fica para a próxima... não é propriamente aquilo que me apetece agora... vá, vá... outro dia, hoje não.
É um livro lindíssimo. Não é uma história alegre, não... mas não deixa de ser um livro lindíssimo. Vertemos a nossa lágrima.
É a história de uma mulher no amadurecimento da sua vida, jovem ainda para os padrões atuais de velhice, com filhos já crescidos e com as suas próprias vidas. A mais nova está na idade de entrar na Universidade, mas prefere a vida artística, e isso deixa a mãe, Alice, apreensiva.
A relação das duas é tensa. Os outros são uma filha mais velha que já está casada e um filho que é médico e o marido.
O casamento de Alice é aparentemente perfeito, tem uma profissão perfeita.
Está tudo no lugar, não é verdade? Demasiado direitinho!
As poucos Alice sente-se perdida... começa por se esquecer de uma palavra no meu de uma palestra. Assim, sem mais nem menos, no meio de uma frase. Puf! Como é que se diz aquela... coisa? Palavra?
Não tem nada de mais... quantos de nós não ficamos já embasbacados no meio de um frase porque nos fugia da boca a palavra certa? Todos... mas para nós é mesmo só isso... uma palavra que se perde.
Depois, não foi só a palavra que se esqueceu, mas perdeu-se a fazer uma corrida pelas ruas que caminha sempre entre corridas e deslocações ao trabalho... pronto! Agora já nem todos nós fazemos isso!
Daqui até à queda o caminho é curto.
Doença de Alzheimer. Alzheimer precoce. Contada na primeira pessoa.
O livro como já disse é lindíssimo... comovente. As relações humanas são comoventes.
Aos nossos olhos desfila o desmoronar de uma mente humana, até não haver mais nada para lembrar.
De todos os que a rodeiam uns fogem para não verem e não sofrerem, mas os outros tem a capacidade de lá estar. É interessante verificar, não sei se é coincidência ou não mas quem fica são as mulheres... quem fica são as das relações tensas. A mais velha e a mais nova... as três juntas como direi, tem um comportamento faiscante. Personalidades muito próprias, ideias muito vincadas, mas capacidade de entrega para além da humanidade.
Se calhar estou a fazer juízos de valor, mas quando acabei de ler o livro foi a primeira impressão que me saltou à vista... nem todos ficaram... ficaram as duas irmãs!
O que será não nos lembrarmos de quem somos? Do que fomos e o que fizemos? Quem são os olhos que nos rodeam? O que será esquecer onde fica a casa de banho, e fazermos xixi pelas pernas abaixo, de tanto procurar e não encontrar a casa de banho!
O que será não reconhecer a pessoa que está à nossa frente e que já amamos? O que será não sabermos quem são os nossos filhos?
O livro tem uma elevada carga emotiva. As emoções de todos são muito contraditórias e o amor nem sempre se manifesta da mesma forma, ou da melhor forma.
As pessoas revelam-se de diversos ângulos, mas Alice deixa de ser ela própria. Foi levada pela doença de Alzheimer.
E nós teremos capacidade e encarar isto?
Também recomendo o filme com Julianne Moore e Kristen Stewart. As duas com interpretações fantásticas.
"Vivo o momento"
O declínio da memória é mais uma das nossas fragilidades humanas... mais uma!
Sem comentários:
Enviar um comentário