O que se vê da última fila - Neil Gaiman
É o primeiro livro que leio de Neil Gaiman e não é bem um livro. São pequenos pensamentos, discursos em entregas de prémios, opiniões sobre escritores e filmes. Uma ideia geral sobre o que Neil Gaiman pensa e sente sem se puder chamar um livro de memórias.
Não li todos os textos, alguns não me pareceram interessantes, mas outros foram tremendamente importantes até pela sua própria perspetiva sobre os outros.
Fiquei com uma vontade enorme de voltar a ler "O Senhor dos Anéis" de Tokien.
Já encomendei "O Sobrinho do Mágico" de C.S. Lewis e "Stardust" de Neil Gaiman, e numa próxima oportunidade pretendo também ir buscar "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury.
Não gosto de histórias de terror, por isso acho que nunca me vou aventurar em Stephen King, mas estou tentada no seu livro "Escrever - Memórias de um Ofício". Neil Gaiman descreve-o como um ser humano extraordinário.
Gosto muito da ideia que Neil tem sobre mitos e contos de fadas e de pensarmos bem é sim, uma fonte inesgotável de imaginação. Basta pegar num deles e dar-lhe a forma que pretendermos, adaptado à realidade existente ou à nossa própria capacidade de fazer histórias.
[Crepúsculo e sinos noturnos e logo depois a escuridão! Que não haja a tristeza do adeus, na hora de partir]
"Aprendi o poema em criança, quando a Morte era apenas uma ideia abstrata, uma ideia a que eu julgava poder escapar quando crescesse, porque era uma criança inteligente e, naquela época, a Morte parecia-me evitável."
Já não sou nenhuma criança, mas a Morte também a mim me parece algo evitável. É certo, que essa evitabilidade já não é tão intensa como quando eu tinha 8 ou 9 anos. Tempo em que todos que me rodeavam ainda estavam vivos.
Essa evitabilidade vai esmorecendo, não porque crescemos, mas porque as peças que compõem o nosso puzzle vão caindo de mansinho ao longo dos anos.
Mesmo assim, acho que mantemos sempre a estrela cadente dentro de nós dessa evitabilidade, só assim se pode justificar muitas das nossas escolhas "suicidas", muitas das nossas atitudes perante a vida.
Se alguma vez nos apercebemos que não podemos fugir a ela, porque é a única coisa à qual não temos escapatória? Sim... mas só quando já estamos na porta de saída!
"Façam boa arte", discurso de formatura proferido a 17 de Maio de 2012, na Universidade de Artes de Filadélfia, é um texto soberbo e inspirador.
"O primeiro problema de um sucesso, mesmo que limitado, é a certeza inabalável de que estamos a enganar as pessoas e que, a qualquer momento, vamos ser desmascarados."
Neil Gaiman cresceu no meio dos livros, dentro das Bibliotecas.
"A ficção era uma fuga ao insuportável, uma porta de acesso a mundos incrivelmente acolhedores onde havia regras compreensíveis. As histórias tinham sido uma forma de aprender sobre a vida sem passar por ela, ou talvez de passar por ela como um envenenador do Século XVIII resistia aos venenos, ingerindo-os em pequenas doses, de forma que o envenenador conseguia resistir à ingestão de produtos que seriam fatais para pessoas que a eles não tivessem habituadas. Por vezes a ficção é uma maneira de experimentarmos o veneno do mundo sem que nos seja fatal.
E então lembrei-me. Não seria a pessoa que sou sem os autores que fizeram de mim quem sou, os autores especiais, os sábios, por vezes apenas aqueles que tinham chegado primeiro.
Esses momentos de ligação, esses lugares em que a ficção nos salva a vida, não são irrelevantes. São a coisa mais importante que há."
É a melhor definição que já li sobre livros, sobre histórias. Sobre aquilo que os livros nos dão sem nos pedir nada em troca!
Também eu acredito que sou, para além de tudo o resto, aquilo que os livros que li, fizeram de mim!
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