O MONTE DOS VENDAVAIS - EMILY BRONTE
VOLUME I
Tenho muita pena, mas não consigo ler este livro todo de uma só vez. É demasiada loucura.
Cheguei hoje ao fim do Volume I e decidi fazer uma interrupção e respirar um pouco. Lerei o Volume II mais adiante... Abril ou Maio.
Porque não consigo ler o livro normalmente como qualquer outro? Porque a loucura e a maldade humana são demasiadas para absorver tudo de uma só vez. Não tenho capacidade para tanto. Este livro deve ter consumido a alma da escritora.
A história gira em torno de Catherine e Heathcliff. Do seu amor doentio que tudo destrói. É curioso como duas criaturas se complementam e se destroem mutuamente por um amor que nem os próprios entendem, ou melhor que só os dois entendem.
Heathcliff coloca Catherine acima de qualquer pessoa. "Ela é tão infinitamente superior a eles, a toda a gente deste mundo..."
A sua vida e as suas acções são baseadas no sentimento que sente por ela. Ele suporta tudo de todos os que o rodeiam, a crueldade consigo, as tareias do irmão de criação, as descomposturas e a falta de afeto. A solidão... o facto de ser uma pessoa só no mundo a quem ninguém tem qualquer sentimento de bondade ou indulgencia. O que ele não suporta é que isso venha de Catherine.
Para Catherine, Heathcliff é um prolongamento de si própria.
Alguém a quem ela nunca poderá desassociar porque senão a sua existência seria posta em causa.
"...não o amo por ele ser belo... mas porque ele é mais eu do que eu própria. Seja qual for a substância de que são feitas as nossas almas, a dele e a minha são uma só..."
"... eu sou Heathcliff! Estou sempre, sempre a pensar nele, não enquanto fonte de prazer, assim como os pensamentos acerca de mim mesmo nem sempre me são agradáveis, mas porque ele é o meu próprio ser."
Catherine contudo casa-se com outro homem porque é "desonroso" para si aceitar ou sequer pensar em ficar com Heathcliff. Da parte deste não há qualquer intensão em despoja-la. A sua maneira de pensar e ver o mundo não passa por uma relação familiar, mas apenas pelo sentimento de posse e destruição.
Heathcliff é essencialmente uma pessoa de temperamento nocivo e duro a quem a vida pouco deu, mas também não procura livrar-se da maldade que o rodeia mas prefere até alimentá-la.
Mesquinho e perigoso volta para vingar-se e para atormentar Catherine com a sua presença.
Catherine é fundamentalmente egoísta. A loucura começa a tomá-la. Fico na dúvida se estes rasgos de alienação dependem da sua própria vontade, ou se são a influência maligna de Heathcliff.
São criaturas detestáveis. Criaturas que se destroem mutuamente e a todos aqueles que o rodeiam. É como um mal instalado.
É um livro dificil de ler. Não vemos esperança ou felicidade para as personagens.
Não me interpretem mal, não estou a dizer de todo que não gosto do livro, pelo contrário. O livro é fascinante. É um clássico negro e sem dúvida uma obra-prima da literatura. Mas o peso de Catherine e Heathcliff são tão grandes que me é impossível para mim ler tudo de uma só vez.
Nunca li. Mas este mês tenho andado a pesquisar/ler sobre mulheres pioneiras e tenho lido sobre as irmãs Bronte. Espero vir a ler o livro também.
ResponderEliminarPosso dizer que é o primeiro livro que começo a ler das irmãs Bronte. Digo começo, porque ainda não o terminei.
EliminarSou capaz também de me aventurar pelas outras irmãs.
Foi das melhores leituras que fiz em 2020 e provavelmente na vida. É verdade que é um livro pesado, com personagens obscuras e com muita maldade, mas é uma história única e tão particular que fica connosco mesmo quando terminamos.
ResponderEliminarSe estava pesado, fizeste bem em fazer uma pausa mas tenho para mim que vais adorar a segunda parte do Monte dos Vendavais ;)
Não Digas Nada a Ninguém
Olá Inês, eu acredito que vou gostar da segunda parte.
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