1 de dezembro de 2020

 


Marvão e Ammaia. O Paraíso Prometido - Séc. XI, no templo do Islão - Florival Lança



"Lê! A procura do conhecimento é um dever de todo o muçulmano! Procurai o conhecimento desde o berço até ao tumulo!"

Sinopse do Livro;
Este romance é uma viagem ao Marão do Século XI, aos seus arredores, retratando uma época em que o Islão dominava o território a que chamavam de Al Andaluz.
Viagem no tempo e no espaço, mas também ao território concreto que, até aos dias de hoje, se mantem inalterado, constituindo em si mesmo um espolio que a humanidade terá de considerar como seu.
Ninguém pode ficar indiferente à beleza rude das penedias que constituem o dominante da paisagem que envolve Marvão, evocando tempos idos, quando tais fraguedos serviam para os seus habitantes de antanho se protegerem de lobos e ursos, cumprirem os rituais da vida e da morte, como muralha defensiva, ou, ainda, de elementos de adoração e divindades obscuras mas de significado tão profundo para esses povos quanto o são as atuais para o homem moderno.
O romance gira em torno de Ahment Mottalib, descendente de uma nobre família árabe, cuja história aqui se conta abarcando o período que vai dos seus seis anos de idade até aos trinta e dois e, em seu redor, gravitam outras personagens tão fictícias como a primeira, descritas em histórias paralelas mas sempre interligadas entre si. Desde as mulheres que cruzam a sua vida, até ao trágico destino de uma delas, mas também dos seus pais e do tutor que, espiritual e academicamente o formou, ou por escravos que se tornaram senhores, saltimbancos transformados em soldados da moirana e depois em assassinos, bem como outros assassinos profissionais contratados para executarem uma diabólica sucessão de vinganças.
Atrevemo-nos também à utilização de personagens reais, gente concreta que viveu e fez história na época aqui descrita. E, uns e outros, todos eles ajudaram a compor um romance que, sem pretensões a ser histórico, se serve um pouco da história para contar "estórias" próprias dum tempo obscuro mas, ao mesmo tempo, fascinante. Por último uma lenda. De uma moira encantada, evidentemente.

Opinião;
Quando visito Marvão fico sempre em alegria, como se o tivesse a fazer pela primeira vez. Vou lá desde os meus oito anos. Tenho raízes familiares a Castelo de Vide. Essas raízes infelizmente já se perderam e o meu regresso a essas paragens, hoje faz-se como muitos que procuram um lugar para explorar. 
Em 2018 voltei após mais de quinze anos de ausência. Castelo de Vide, Marvão e aquelas redondezas serão sempre um porto seguro, e não quero deixar passar mais quinze anos sem lá voltar.
Estar em Marvão dentro daquelas muralhas onde impera o silêncio e onde a nossa vista alcança o inalcançável é devastador e reconfortante. É um sossego para o meu coração.
Marvão e Ammaia, por tudo isto é um livro que não poderia deixar de ler. Encontrei-o nessa visita que fiz a Castelo de Vide em 2018 na única Papelaria/Livraria de Castelo de Vide, onde se pode comprar o jornal, o postal com as fotos da terra e aqui e ali alguns livros... este era um deles. Veio comigo.
O escritor não é conhecido e o livro foi publicado com o apoio da Câmara Municipal de Marvão.
O livro contudo está muito bem escrito e a história está bem construída e estruturada. Dá-nos uma perspetiva diferente do Islão, dá-nos uma perspetiva diferente dos outros... daqueles que são diferentes de nós, mas não são nem melhores nem piores.
Castelo de Vide e Marvão são terras com fortes indícios da passagem de outros povos. As mesquitas, as casas, a forma como as vilas foram construídas. Ainda está tudo lá. Até os próprios costumes e tradições vão "beber" muito a todos os povos que por lá se estabeleceram.
Recomendo o livro, recomendo mesmo... é uma leitura diferente por um autor que não anda nas bocas das estantes das livrarias mas bem merecia andar. Não é definitivamente tempo perdido.




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