O SOL NASCENTE - JOHN DONNE
"Tu, velho tolo atarefado, indomável Sol,
Por que dessa forma,
Por janelas e cortinas, nos chamas?
Devem acaso seguir teus movimentos as estações dos amantes?
Impertinente, pedante, infeliz, vai ralhar com
Estudantes atrasados e aprendizes rabugentos,
Vai dizer aos caçadores da corte que o Rei irá cavalgar;
Chama os lavradores do campo aos ofícios de colheita;
O amor, como sempre, não conhece estação nem clima,
Nem horas, dias, meses, que são os retalhos do tempo.
Teus raios, por que os imaginas
Tão veneráveis e fortes?
Eu os poderia eclipsar e nublar com um piscar de olhos,
Mas não conseguiria ficar sem vê-la por tanto tempo.
Se os olhos dela não cegaram os teus,
Fita-os, e amanhã, mais tarde, me conta,
Se ambas as Índias, de especiarias e de minas,
Estão onde as deixaste ou repousam aqui comigo.
Pergunta pelos reis que tu viste ainda ontem,
E irás ouvir: "Estão todos aqui repousando sobre um leito".
Ela é todos os estados, e eu todos os princípios;
Não há mais nada;
Príncipes não chegam até nós; comparadas com isso,
Todas as honras são imitações, toda a riqueza, alquimia.
Tu, Sol, tens somente metade da felicidade que temos,
Porque o mundo foi arranjado assim;
Tua idade pede calma, e como tua tarefa é
Aquecer o mundo, ela está cumprida aos nos aquecer.
Brilha aqui para nós e estarás em toda a parte;
Esta cama é o teu centro, estas paredes tua esfera."
Adoro!!!
ResponderEliminarjiaescreve.blogspot.com
Muito bom.
ResponderEliminarÉ, não é! Faz parte de um livro de poemas que tenho já muito antigo que comprei na minha adolescência numa livraria da Nazaré. Tem imagens lindíssimas e na altura tinha um cheiro a rosas. O cheiro durou ainda alguns anos... hoje, infelizmente já não cheira a nada, mas o seu conteúdo continua estimulante.
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