16 de agosto de 2020

O Discípulo - Hnorth & Rosenfeldt



E vamos falar de Sebastian Bergman de novo.
Pois é!
Parece que foi ontem que escrevi a minha opinião sobre o primeiro livro da saga Sebastian Bergman. e já estou aqui de novo para falar outra vez do mesmo assunto.!
Já estou a ver aí algumas "caritas", com aquela expressão de repetição.
Outra vez!?
Pois é!
A bem dizer estou na "lama", e agora para sair um pouco dela, decidi que não vou ler a saga seguida, mesmo que a minha mente e o meu corpo peçam os restantes livros já, já de seguida.
Sou capaz de ficar ainda mais viciada e não pode ser. O vício tem de ser pelos livros, por todos os livros, não é?

Agora o livro, O Discípulo! É para isso que cá estamos!

Se no primeiro livros "Segredos Obscuros", Sebastian Bergman era acima de tudo irritante e irritante, neste segundo livro "O Discípulo", Sebastian passou a ser principalmente, efectivamente, com toda a certeza, humano.
O livro, é superior ao primeiro, por isso eu prevejo que os restantes serão definitivamente muito mais entusiasmantes.
Neste segundo livro Sebastian descobre que tem uma filha, e descobre que essa filha é a Vanja, com quem trabalhou no caso Eriksson. A sua relação com ela é péssima, em parte porque são muito parecidos e em parte porque Sebastian não cria empatia com ninguém.
A sua forma de lidar com as pessoas é no mínimo irritante, e a forma como responde aos outros e ultrapassa todos os limites da cordialidade fariam qualquer um de nós lhe virar as costas.
Confesso que num contexto de história contada, estes diálogos são-me muito interessantes, mas que na vida real também eu não consigo lidar com pessoas com este carácter e virava-lhe as costas com toda a certeza.

Contudo esta descoberta deixa Sebastian numa situação nova e os alicerces da forma como encara a realidade transformam-se.
Agora se quisermos ser um pouco "profile" como Sebastian o é, diríamos que a sua conduta apenas tenta esconder uma infância controlada e parca em amor.
Sebastian lê os outros até nos seus gestos e na forma como reagem ás situações e neste segundo livro Sebastian é posto nesse plano. Não naquele plano em que ele lê os outros, mas quando os outros o lêem a ele. 
De repente Sebastian tem algo a perder!

É neste ambiente que em Estocolmo, no pico do uma vaga de calor uma série de mulheres são assassinadas da mesma forma que há quinze anos por Edward Hinde assassinou outras quatro mulheres.
O grande responsável pela detenção de Edward foi o trabalho do irritante Sebastian Bergman.
A detenção de Edward deu a Sebastian a notoriedade e a fama. Escreveu livros, deu palestras, viajou pelo mundo a explicar e desenvolver as teorias de como pensa a cabeça de um assassínio em série.
Enquanto isso, Edward permanecia preso numa cadeia de alta segurança, isolado, sem acesso ao mundo exterior, sem Internet, com controle de movimentos (aparentemente), e com muito tempo para pensar em como se poderia vingar.
Agora, quinze anos depois os crimes voltaram, Edward Hinde continua preso, e para desconcerto de Sebastian as vítimas foram todas suas amantes.
Assistimos ao desmoronar de uma personagem que estávamos habituados a ver de uma forma diferente e isso transforma a história noutra história.

Não estava preparada para um Sebastian incapaz de lidar com uma situação de ruptura. Ele é completamente ultrapassado em todos os sentidos. Pelos colegas do departamento de investigação criminal onde se inclui a sua filha Vanja e pelo próprio Edward que o manipula como não conseguiu fazer há quinze anos atrás. Ele consegue ver até o que os outros não conseguem ver.
Que a sua falta de capacidade de lidar com a situação não é porque se sente ultrapassado e preterido pelos outros. Que a culpa que o assola o diminui é um facto, mas não é único. Ele tem de esconder aos olhos de todos a sua relação directa com Vanja. 
Essa capacidade que Sebastian têm de ter é o que pode definir que Vanja não se torne também um alvo.

Estivemos quase a perder o Sebastian, mas como quase todas as pessoas é no momento crucial que o jogo vira e aquilo de que somos feitos renasce. Não foi diferente com Sebastian, e o interrogatório que ele faz a Ralph Svensson a partir da página 630 é ensurdecedor. Magistral! 
Foi quase, quase no fim, mas Sebastian Bergman voltou melhor do que nunca.

Como já tinha dito na opinião do primeiro livro esta é uma saga, cuja estrada quero percorrer. 

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