Por Treze Razões - Jay Asher
"Ninguém pode ter a certeza do impacto que exerce na vida dos demais. A maior parte das vezes, nem nos passa pela cabeça. E, não obstante, não podemos evitar exercê-lo."
Começo por vos colocar uma questão.
E não, não me respondam a mim. Respondam a vocês próprios.
Será que temos noção, consciência, que aquilo que fazemos ou dizemos afecta profundamente a vida dos outros?
Não sei qual será a vossa resposta, mas a minha é não. Não tenho noção. Muitas vezes não faço a mínima ideia.
Em Portugal a primeira edição de " Por Treze Razões" saiu em 2009. Há onze anos. Lembro-me quando o livro foi editado, e até tenho a lembrança de o ter por diversas vezes na mão, mas nunca o comprava. Porquê? Acho que apesar das desculpas, a principal razão fosse o medo. Medo do que poderia lá estar.
Onze anos depois a razão da compra do livro foi Katherine Langford.
Estranho não é! E sem lógica, mas por incrível que pareça, desta vez não parei sequer para pensar ou reflectir nos prós e contras e comprei simplesmente o livro.
Comecei a seguir no "Netflix" uma série "Crused", e acho a actriz principal tão carismática que fui á procura de outros trabalhos dela, e voilá, "Por Treze Razões"
Aqui decidi ler o livro primeiro. Também vou ver a série no "Netflix". Acho que a actriz merece. Depois de ler o livro sei que vai ser complicado.
Bom! Quanto ao livro, é difícil explicar. É difícil até pôr por palavras aquilo que sinto.
A narrativa anda há volta de uma rapariga numa escola americana que comete suicídio. A sua morte aparenta ser incomodativa, mas todos disfarçam esse incomodo.
Pouco tempo depois começa a circular um conjunto de cassetes audio, que vão passando pelas mãos de certas pessoas.
O livro retrata a fase em que Clay Jensen as recebe, e aquilo que sente e o que vê enquanto ouve essas cassetes.
A voz dessas cassetes é Hannah, a rapariga que se suicidou, e aquilo que ouvimos é um relato da crueldade humana.
De uma forma muito crua, aquilo que ouvimos é precisamente aquilo que somos capazes de fazer aos outros, muitas vezes em consciência. A maioria das vezes sem consciência nenhuma. Cruel, não?
Hannah também tem os seus pecados e expõem-os sem medos, mas acima de tudo, expõe aquilo que ao longo de alguns anos dentro de uma escola, as pessoas fazem umas ás outras.
Nem todos somos iguais, nem todos assimilam um gozo, um boato, uma falta de respeito.
Quando fugi do livro durante onze anos acreditava que fosse uma simples historia de "Boolling".
É mais do que isso. Será para o quem quiser levar a sério o nosso conforto com os outros. A nossa atitude diária com o nosso semelhante.
Se calhar, alguns dos que já leram o livro poderiam dizer... bom!, a Hannah, desfia aquelas histórias sobre os outros, mas ela iria sempre suicidar-se mesmo que as pessoas tivessem sido diferentes com ela.
É possível! Eu até acredito que sim, que o temperamento de Hannah não lhe dava margem para muito mais. A personagem nem sequer nos é apresentada como uma santa, nem tão pouco apenas como uma vítima. Muitas situações ocorrem porque ela permite. Nos seus relatos ela é o mais verdadeira possível. Transparente. Nunca tenta parecer uma "menina bem comportada"
Também não fiquei sequer com a ideia que o relato audio que a Hannah deixa aos seus colegas, seja uma acusação, ou mesmo uma implicação dos mesmos na sua morte. Ela deixa bem claro, que essa decisão é da sua responsabilidade.
Aquilo que Hannah nos mostra é um grito. Uma chamada de atenção. A decisão dela foi tomada por ela própria, aos outros ela dá a opção de compreenderem que aquilo que fazem com a desenvoltura, e a inocência da alma, não é tão inocente assim, e que os nossos actos tem reflexos nos outros.
O que Hannah nos quer dizer é que está na hora de começar a reparar nos outros.
E tu? Por acaso reparas nas pessoas que passam por ti na rua? Vês quem está á tua frente na fila do Supermercado? Olhas para o teu colega de trabalho?
E aquele colega irritante que tens na empresa onde trabalhas?
Eu sei que vês! Mas já olhas-te bem?
Qual é a nossa capacidade de assimilar que os nossos actos podem prejudicar alguém? Eu acho que nem temos a noção dessa possibilidade.
Termos essa noção dá cabo de nós.
Para mim, a mensagem que o livro nos tenta passar é essa. A profundidade das implicações dos nossos actos nos outros!
Vai ficar na pele, por muito tempo!
"Mas não podemos fugir de nós próprios. Não podemos decidir que não nos queremos ver mais. Não podemos decidir desligar o ruído que nos ecoa na mente."
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