9 de agosto de 2020


Segredos Obscuros - Hjorth & Rosenfeldt


" - Lembras-te do que me disseste na última vez em que nos vimos? Disseste-me que Deus me tinha deixado. Que ele tinha retirado de mim a sua mão.
Junto à lápide inacabada no adro da igreja da cidade em que ele crescera, onde ninguém o conhecia, ninguém o procurava, ninguém lhe sentia a falta, Sebastian olhou para a fotografia da sua falecida mulher e da sua falecida filha. Um estado de coisas que era verdadeiro em qualquer cidade. Sebastian limpou as faces com as costas da mão esquerda.
- Tinhas razão."


Comprei este livro depois de ver a opinião de Maria João Covas da "Livrosgosto" (livrosgosto.blogspot.com), no Youtube.
A Maria João tem um blogue também de opinião, e um canal no Youtube onde publica as suas opiniões. Gosto muito de ver os seus vídeos. Têm uma biblioteca como pano de fundo inspiradora, e adoro a sua maneira de falar e a forma como apresenta as suas leituras.
Têm mais graça do que eu, pois a Maria João Covas fala e espalha simpatia e eu escrevo. Às vezes ler é chato, eu sei, mas eu não tenho a amabilidade, nem a empatia de Maria João Covas. Sou uma menina mal comportada.
Quanto aos Segredos Obscuros, recomendo que mesmo que leiam a minha opinião até ao fim, dêem uma espreitadela á opinião da Maria João Covas. Prometo que não se vão arrepender!

Agora, quanto ao livro propriamente dito, há muito a dizer de facto. Principalmente porque estamos perante uma Saga, que já está intitulada de Saga Sebastian Bergman. E o que significa isso? 
Significa que se gostarem muito, muito deste livro, ainda se vão poder regalar com mais cinco título já editados. Não creio que os escritores fiquem-se por aqui.
Os autores são Suecos e são uma dupla. Os nomes são estranhos e difíceis de dizer, mas como estou apenas a escrever e quem tem de ler são vocês, os nomes deles são Michael Hjorth e Hans Rosenfeldt. Fácil, não é?
Segundo a contracapa do primeiro volume, este Segredos Obscuros, é a série policial nórdica de maior sucesso internacional.
Apesar de já estarem editados 5 títulos, as histórias são todas independentes. A única relação entre os livros é Sebastian Bergman.
E quem é Sebastian Bergman?
Bom...Sebastian é um psicólogo forense que presta serviços á polícia quando solicitado. Há parte disso, é um individuo irritante, insuportável, sexista, pedante, convencido e ríspido. Chega a ser brusco e revoltado.
A sua vida é um desastre. As suas relações são breves momentos de sexo, com desconhecidas. Os seus pais odiavam-no e ele a eles. A sua mulher e a sua filha pequena morreram no Tsunami no Oceano Índico.
Mas é precisamente o comportamento deste homem que nos prende ao livro até ao fim. Os seus diálogos são irritantes, mas são aquilo que nos faz prosseguir.
Porque Sebastian Bergman não é só defeitos. Ele compreende os outros só pelo olhar. Ele sabe daquilo que as pessoas são capazes e do que pensam. A maneira como vivem e o porquê de o assim fazerem. Ele não julga mas interpreta.

Com a morte de um rapaz na sua cidade natal, na altura em que Sebastian Bergman volta a Vasteras, pela morte da sua mãe, leva a que após outros acontecimentos, Sebastian Bergman entre para a equipa policial que tenta resolver o homicídio.  
Alguns policias já o conhecem de outros tempos e outros casos policiais, outros passaram a conhecê-lo agora. A opinião entre todos, com o tempo vai-se tornando uniforme. Sebastian é insuportável!
Contudo é o contributo de Sebastian que permite apanhar o verdadeiro culpado.
Vasteras era uma cidade na qual Sebastian não ia há mais de trinta anos. O seu pai morrera á vinte e dois anos e a sua mãe acabava de morrer há poucos meses. Nunca mais os viu, nem teve intenções de o fazer. Não tinham relação familiar. Sebastian considerava o pai uma pessoa opressora demasiadamente preocupada com as aparência e a mãe demasiadamente ligada a essa forma de vida.
Os pais não conheceram a sua mulher e a sua filha.
Quando Sebastian chega a Vasteras a morte do rapaz já tinha acontecido, e a incapacidade da policia local faz com que seja chamada uma equipa de Estocolmo para resolver o caso. Essa equipa é nada mais nada menos que a equipa que Sebastian colaborou em tempos em casos de homicídios.
Enquanto Sebastian, tenta organizar a chamada "tralha" da mãe descobre entre as suas coisas, 3 cartas que lhe foram enviadas dizendo que Sebastian foi pai há 30 anos atrás.
Sem rumo e sem ninguém, Sebastian vê nessa remota possibilidade um principio de vida que não tem agora sem mulher e filha, e o envelope com a morada da suposta mãe da sua filha é o principio para Sebastian se oferecer para ajudar no caso policial de homicídio do rapaz em Vasteras.

Com o tempo, vamos descobrindo também o lado humano de Sebastian Bergman, como não poderia deixar de ser. 
Ele está lá em todos nós. Uns só têm umas finas camadas que o separam do olhar comum, outros tem de se procurara com mais cuidado.
O relato da vida de Sebastian   mostra que o amor quando esteve presente na vida dele o transformou num homem diferente do que se sempre fora. A falta desse amor voltou a coloca-lo no lugar de partida.
A sua verdadeira humanidade é particularmente visível, nos acontecimentos posteriores há descoberta do verdadeiro assassino do rapaz.
Um homem que poderia escolher simplesmente voltar costas há situação, arriscou a sua vida, para salvar a alma de um miúdo atormentado pelo desespero. 
Acho que é o ponto de viragem para aquilo que podemos esperar de Sebastian Bergman para o futuro.

Gostei muito da história. Acho a personagem Sebastian Bergman impecavelmente construída.
Estou dentro desta estrada para os próximos títulos.

2 comentários:

  1. Olá Rute
    Muito obrigada pelas tuas palavras. Muito gentil e generosa. Todos temos lugar e devemos apoiarmo-nos uns aos outros. Concordo com o que diz sobre o livro. mais uma vez obrigada pelas suas palavras. Beijinhos

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