EM PARTE INCERTA - GILLIAN FLYNN
Bom! Definitivamente Gillian Flynn será uma das minhas escritoras favoritas. É o segundo livro que leio da autora e a forma como vai conduzindo a história é no mínimo fervilhante. Que história!
A meio do livro, já estou com várias possibilidades de desfecho, e o mais certo é não acertar em nenhuma. Foi assim com "Objetos Cortantes", será assim com este "Em Parte Incerta"
O livro é contado a duas vozes, o diário de Amy, e o relato de Nick Dunne, o marido de Amy.
Ponto de situação ainda a ler o livro;
Simpatizo com o diário de Amy, está lá tudo. Começo a achar que Nick não é o que quer parecer ser, mas acho que isso se deve à sua falha de personalidade. Amy desapareceu sem deixar rastro, mas não acho que tenha sido o Nick
Se Amy está viva ou morta?... neste ponto da leitura, ainda é uma boa pergunta, mas eu aposto que ainda está viva.
Sim! Viva! Definitivamente viva.
Posso dizer que cada página me surpreende, cada caminho escolhido faz-me agarrar este livro, sem o conseguir largar. Posso dizer que esqueço-me das horas.
Não consigo gostar de nenhum dos dois, não consigo ter pena de nenhum dos dois, e o que assusta é que aquilo que os tornou assim é a insensibilidade que cada um teve para com o outro a partir de determinada altura do seu casamento.
Não deixa de ser medonho que tudo o que acontece a qualquer ser humano, no percurso do seu casamento de uma forma ou de outra, em determinada altura, mais cedo ou mais tarde, muito de vez em quando ou com alguma frequência se tenha tornado para estes dois, algo puramente doentio.
Não sei onde esta história nos vai levar, mas não vejo um final prático para nenhum dos dois.
Que personagens tão manipuladoras. Gillian Flynn tem esse dom. Capacidade de mostrar a alma humana no seu pior. Não nos dá nada para nos agarrarmos. Expõe-nos à maldade como única tábua de salvação para os acontecimentos.
Loucura, poderá dizer-se isso mesmo. Pura loucura!
Tudo dissimulado, tudo pensado ao pormenor, tudo limpo de erros.
Amy é uma personagem em ebulição. Mentalmente desequilibrada, aparentemente a pessoa mais normal e amável do mundo.
Como é possível ter uma capacidade de vida assim. Nunca falha, tudo planeado ao mínimo pormenor.
Nick não é melhor, é vazio, desinteressado, egoísta.
O que mais surpreende é a forma nuclear em como os dois se unem e não se conseguem afastar.
Será isto uma forma de amor?
"Amy era tóxica, e contudo eu não era capaz de imaginar um mundo inteiramente sem ela."
Será possível? Tudo o que ela fez para destrui-lo e incrimina-lo.
Será que pretendia mesmo isso, ou pretendia que ele desse por ela?
É que Nick já não reparava na mulher, e bem vistas as coisas ela fez grandes sacrifícios por ele nos seus cinco anos de casados.
Moralidades à parte! Quero pôr moralidades completamente à parte neste livro.
"Conseguem imaginar o que é mostrar, finalmente, o vosso verdadeiro eu ao cônjuge, à alma gémea, e ele não gostar de nós?
Foi assim que começou o ódio. Tenho pensado muito nisso, e foi assim que começou, creio eu."
A maioria dos casais não sobrevive a esta descoberta.
No caso de Amy e Nick a descoberta foi sufocante, mas foi um vício para cada um dos dois.
P.S - "Acha mesmo que conhece a pessoa que dorme ao seu lado?
No caso de Nick, não! Definitivamente não conhecia, mas para além de descobrir da pior forma, reconheceu que nunca seria ele próprio sem ela.
"... aquela mulher conhecia-me em absoluto. Conhecia-me melhor do que qualquer outra pessoa no mundo. Todo este tempo, pensara que eramos uns estranhos, e afinal conhecíamo-nos um ao outro de forma intuitiva, nos nossos ossos, no nosso sangue."
Como se diz, para o bem e para o mal, até que a morte nos separe!
"- Pensa, Nick! Tu sabes que eu tenho razão: mesmo que encontrasses uma rapariga como deve de ser, pensarias em mim todos os dias."
Parece que Amy tinha toda a razão!
Olá! Por um lado fico curiosa... por outro até dá arrepios de pensar em ler. Parece ser um livro que nos mexe com as emoções! Gostei muito da opinião :)
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Obrigada Marta pelo seu comentário...
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