O SILÊNCIO - DON DELILLO
E A PROPÓSITO DA SUA ENTREVISTA À REVISTA ÍPSILON DE 15 DE JANEIRO DE 2021
E A PROPÓSITO DA SUA ENTREVISTA À REVISTA ÍPSILON DE 15 DE JANEIRO DE 2021
"Houve um colapso, o mundo ficou sem energia, as imagens digitais desapareceram, nenhum telefone, nenhum telemóvel, nenhum elevador, frigorífico ou monitor funcionam."
De vez em quando vou lendo uma coisa aqui e acolá na revista do Público de sexta-feira, Ípsilon. Nomeadamente, entrevistas a escritores e lançamentos de livros que me chama a atenção. Isabel Lucas tem textos interessantíssimos com entrevistas a escritores que podem ser do momento ou não.
Já tenho feito algumas referencias no Blogue, sempre que o tema me interessa e no passado dia 15, isso não foi excepção. Don DeLillo, um escritor Norte Americano, que para mim era completamente desconhecido e que lançou recentemente em Portugal o livro "O Silêncio"
A história fala do colapso de energia e como se instala a perplexidade do silêncio.
Momentaneamente fácil de suportar se for por breves momentos, torna-se angustiante se for permanente.
Paremos um pouco então, fechemos os olhos por um momento, e àqueles a quem sobra ainda um pouco de imaginação, fantasie-se um mundo sem energia. Alguns dirão!!... estamos próximos dessa realidade, as ruas hoje estão desertas!! O clima é assustador, mas não é a mesma coisa. Todos temos luz em casa, o nosso frigorifico trabalha, a nossa TV e Internet funcionam e nós mantemos constantemente ligação uns com os outros, e as nossas redes sociais caminham... confinados é certo, mas ligados!
E se deixarmos de estar? Como reagiríamos? Veríamos nisso teorias da conspiração, focos de tensão, dramas pessoais e existenciais?
Claro que sim? Somos manipulados por uma ficção que se sobrepõem há realidade.
Pois é! Este livro fala sobre isso, sobre a reação de um grupo de pessoas a esse mesmo silêncio, sobre a incapacidade das nossas emoções, num mundo cada vez mais digital que nos tem moldado e transformado ao longo destes últimos anos.
Se tivermos bem em conta, o silêncio deixou de existir nas nossas vidas. Desde que pomos o pé fora da cama, o movimento intensifica-se. O trabalho é frenético e desgastante, as redes sociais e os dados móveis estão sempre ligados, o telemóvel tem de estar sempre disponível para ser atendido. Aquele quer um minuto de atenção, o outro exige resposta rápida, e depois disto tudo ainda ligamos a TV, fazemos listas de séries que queremos devorar em poucos dias, corremos o Facebook e o Instagram à procura de novidades, temos sempre opiniões políticas apesar de não percebermos nada de política. Temos uma App para tudo e mais alguma coisa... o silêncio muito prolongando dentro desta realidade é assustador.
O que fazemos com ele... já não sabemos, não queremos saber... podemos descobrir coisas que não queremos descobrir.
"Estamos a tornar-nos vítimas da tecnologia de uma maneira mental e filosófica."
Eu vou ler, e vocês?
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