POETI DE LISBONA
Desisti de dizer-vos de onde este livro nasce.
Sei que só o encontrei em duas livrarias que são o espelho uma da outra; Livraria Ler Devagar em Óbidos, Livraria Ler Devagar no LX Factory em Lisboa. - Não se limitem como eu, encontrarão o livro em outras livrarias - Curiosamente, calco a ruas de Óbidos com uma frequência aterradora (a proximidade a ela, deixo para mais tarde.), mas foi no LX Factory que o livro agarrou-se às minhas mãos e veio comigo para casa.
O italiano faz parte do meu universo nos últimos tempos (outra conversa para mais tarde) e saber que tenho aqui, nos meus dedos, poemas de Fernando Pessoa ou Florbela Espanca correctamente traduzidos para italiano. É perfeito!
Queiramos ou não, encontramos sempre alguma coisa que nos faz falta. Tropeçamos distraidamente, absorvidos noutra coisa qualquer. Como um presente de Deus. Como se ele nos dissesse. Vá, vai lá... estás com medo de quê!
Dia Mundial da Poesia, hoje... deixo-vos algo que encontrei e que me faz falta. Deixou de fazer;
A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA - FERNANDO PESSOA
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Jã não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
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