14 de setembro de 2020


 Elena Ferrante e a publicação no Expresso revista no separador "Culturas"


Há algum tempo tentei iniciar a leitura dos livros de Elena Ferrante. Escolhi A Amiga Genial. Acreditava que a saga sobre as duas amigas tão distantes socialmente me iriam interessar. Com este livro, aconteceu-me o que me sucede ás vezes. Desilusão!
Mas a desilusão não é identificável e sinto que o problema não é propriamente do livro, nem da escritora, mas minha.
Aquela sensação que peguei nele na hora errada e no momento inadequado. Não sei se já aconteceu convosco. Começar a ler um livro e não ser aquilo que eu queria ler naquela altura, e as folhas esvaem-se sem sentido, e a história torna-se vazia e sem interesse.
Por isso não posso culpar Elena Ferrante nem a história de A Amiga Genial.

Na revista do Expresso na edição de 28 de Agosto, dei de novo com Elena Ferrante e o seu mais recente trabalho que foi editado no inicio deste mês de Setembro em Portugal. "A vida mentirosa dos Adultos."
Na secção "Cultura" da revista, descobri uma outra perspectiva da escritora que é muito incomum nos nossos tempos. A preservação da sua intimidade, sob a ausência pública da sua identidade.
Hoje em dia um escritor que queira vender livros, como em qualquer relação macro-económica tem acima de tudo de se vender a si próprio. A sua vida, a sua identidade e por vezes até a sua intimidade. Faz parte deste mundo moderno que caminha para o abismo da presença imediata. A exposição continua da pessoa como se o "eu", também fosse para vender.

Na gíria das relações actuais, em que até a areia onde os nossos pés pisam, fica bem numa foto publicada nas redes sociais, Elena Ferrante terá que ser no mínimo uma anti-social.
Mas uma anti-social que apesar de não expor a sua imagem a um público que lê os seus livros, não deixa de reflectir nas poucas entrevistas que dá sem fotos, aquilo que pensa, e muito daquilo que é feito a sua obra.

Pelo que leio das opiniões sobre a sua escrita, pela publicidade e criticas feitas aos seus livros, pelo número de exemplares vendidos, a minha primeira experiência com Elena Ferrante só pode ter sido um equivoco. Um erro de perspectiva. E este seu novo livro "A vida mentirosa dos adultos", parece-me ser uma boa oportunidade de desfazer esse mal-entendido.
Prometo que vos conto depois!    

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