3 de setembro de 2020



Pessoas Normais - Sally Rooney




É um dos livros mais falado neste Verão. A série que estreou à poucos dias na HBO, voltou a colocar o livros nos jornais e nas revistas.
Ontem quando abri a página da WOOK, até descobri que tinha a marca de Ler+ (Plano Nacional de Leitura).
Não tinha quando comprei o livro á bem pouco tempo. Digo á bem pouco tempo, porque este é daqueles tipos de livros que não espera muito tempo na estante para ser lido.
Não sei se estou a dizer isto de forma correcta, mas este tipo de história/escrita é das minhas preferidas. As relações humanas.
Sim! Estamos a falar de relações humanas entre as pessoas. E estas pessoas, bem vistas as coisas, são pessoas normais, como tu e eu.

Também eu, como as personagens principais acredito que por vezes, ou na maioria das vezes não sou uma pessoa normal. Acho que todos nós em alguma fase da nossa vida passamos por isso. Não é verdade?
Que não penso, nem me admito de forma normal, e que a minha vida é condicionada por inúmeros factores que ao longo da vida me diminuem e fragilizam. Mas isso é a vida normal. Dizem que sim! Vamos acreditar que sim.
Talvez porque não tenhamos a capacidade de ver o outro, crie na nossa mente esta ideia que temos tudo, menos normalidade.

Sally Rooney apresenta-nos isso mesmo. Dois adolescentes que se conhecem de uma forma perfeitamente normal, mas por convenções e incapacidades mútuas ao longos dos anos vão-se aproximando e afastando à conta de mal entendidos, e inaptidão de se assumirem como um casal.
Esta incompetência faz com que tanto um como outro tenham outros companheiros, mas a intimidade entre os dois regressa sempre como um remédio para os seus males.
É importante referir que apesar da aparência de pessoas normais, cada um esconde dificuldades emocionais que ao longo do livro os limita como pessoas e até como um casal.
Há uma dificuldade em se entregarem um ao outro totalmente, e é dessa dificuldade que a história se alimenta.
Basicamente a história até se torna repetitiva nessa aspecto, até porque terminamos o livro com mais uma possibilidade de separação entre os dois.
No entanto o que define a história como algo a meu ver bastante interessante é a evolução das personagens como pessoas e a capacidade de resiliência das mesmas perante as situações.

Connell e Marianne, assim se chamam.
Enquanto que Marianne evolui em toda a história, passando de uma pessoa isolada, solitária, que aceita determinados comportamentos agressivos e doentios de quem a rodeia. Enfim! Nos tempos modernos facilmente rotulada como uma pessoa com baixa auto-estima. Mas como referi no inicio, evolui a muito custo, com a aceitação final que alguém pode realmente cuidar dela e curá-la de todas as suas fragilidades. A verdadeira paz interior de Marianne vem da capacidade de entender que Connell é a única pessoa que ama e que a pode salvar de si mesma. 
Connell pelo contrário, não admite perante os seus amigos o seu relacionamento intimo com Marianne e isso destrói prematuramente a relação. A partir daí perde-se pelo caminho, pois as suas atitudes baseiam-se sempre nesta premissa.
Chego à conclusão que mais uma vez a pessoa generosa nesta relação é a fragilizada Marianne. 
Levam alguns anos a perceber algo bastante simples. O amor que tem um pelo outro.
Pessoas normais, portanto. Como todos nós.

Para além deste tema o livro aflora outros temas de uma forma subtil.
As disfuncionalidades familiares. A falta de amor entre pais e irmãos.As relações tóxicas escolares. Os comportamentos agressivos na adolescência e a forma como as comunidades escolares dentro da sua estrutura podem condicionar os comportamentos uns dos outros. A escola, e a passagem pela adolescência são um verdadeiro campo de minas. Há que ter a habilidade de não as pisar. Digo já difícil. Normalmente quem as pisa saí destroçado. Como qualquer pessoa normal.


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