22 de setembro de 2020

 

Um Lugar para Amar - Robyn Carr



Confesso que já há muito tempo que não lia um livro tão lamechas. E não estou a dizê-lo no sentido depreciativo, de modo nenhum. Também sou fã de escrita tipo Nicolas Sparks, tem de ser é em doses pequenas.
Já li alguns livros de Nicolas Sparks, e sim, são todos muito "sentimentaleiros" mas todos muitos bonitos. Qualquer dia faço um post sobre o livro de Nicolas Sparks " O Diário da nossa paixão" e prometo que me explico melhor.

Agora falaremos de Virgin River - Um lugar para amar, que é uma história de amor. Não! Estou enganada. São pelo menos três histórias de amor e de vida, e uma com ares de começo.
Digo ares de começo porque este livro pertence a uma saga de três livros e este é o segundo. Os outros dois por enquanto não se encontram editados em Portugal, e a sua encomenda tem custos excessivos.

Deixando de divagar e voltando à história deste livro, não deixa de ser uma história banal. Uma mulher que foge do marido com o filho pequeno, porque este lhe bate violentamente, perde-se no caminho e vai parar a uma vila de nome Virgin River. Entra num bar que ainda está aberto onde um homem lhe empresta um quarto para passar a noite.
Essa mulher, Paige, está grávida , e o homem, John, convence-a no dia seguinte a ir ao médico.
A partir daqui a história ganha ritmo, muito ritmo.
A vila é pequena, todas as pessoas se conhecem e se ajudam. 
Paige acaba por ficar a trabalhar no bar, na cozinha e com a ajuda de todos tem coragem para denunciar o marido e pedir o divórcio.
Este, um Corretor de Bolsa, cheio de posses e de dividas ostenta uma casa milionária, mas é uma pessoa transtornada e viciada em drogas.
Chama-se Wess o marido, e apesar de Paige se sentir relativamente segura em Virgin River, Wess consegue aparecer um dia e apanha quase todos desprevenidos. Bate novamente na mulher, no meio da rua e provoca-lhe um aborto.
Já têm a lágrima no olho? Se não têm, prepare-se porque ela vai aparecer.
Para além destas duas personagens existem Mel, parteira e enfermeira da vila que casou com Jack, dono do Bar. A relação dos dois é a parte divertida da história. Estes dois arrancam-nos gargalhadas. Os seus diálogos e as suas atitudes, a maneira como se desenvolvem na história é uma lufada de ar fresco em todo o livro.
O diálogo entre os dois quando o filho de ambos nasce é magistral.

Depois temos outro casal improvável. Liz e Rick, dois adolescentes que se distraem uma única vez e Liz com quinze anos fica grávida. Esta história é mais densa, até porque a criança nasce já morta. É uma história pesada para dois adolescentes mas muito bem construída.
Sexo também há. Não ficou nem por dizer, nem por fazer.

No fim acaba tudo bem como qualquer livro lamechas. Tendo em conta o tamanho do livro penso que o drama emocional de Paige poderia ter sido mais explorado. Essa parte passa totalmente ao lado. Uma mulher que é agredida pelo marido violentamente e continuamente durante anos, teria que ter sequelas emocionais. Mesmo o aborto que lhe é provocado de forma brutal, teria que ter uma marca profunda em si própria, e isso é completamente esquecido nesta história.
Penso que a escritora quis dar um ar ligeiro a uma história séria para que quem a lesse a pudesse suportar melhor, ou apenas quis mostrar a parte boa e ignorando a parte má. Talvez o objetivo fosse esse mesmo, subvalorizando o bem, ignorando ou apenas aflorando o mal.
De qualquer das formas o livro é agradável de se ler e até gostei muito.
A saga já foi em parte adaptada há televisão numa séria que passa na plataforma do NetFlix.




P.S - O livro, é um daqueles livrinhos de bolso, que não estão muito na moda em Portugal, mas que proliferam em países como Estados Unidos e Inglaterra. Cabe quase no bolso de um casaco, e dentro da mala não se nota nem pesa. Eu sou daquelas que anda sempre com o livro dentro da mala, não vá existir uma oportunidade para podermos ler. O seu custo foi três vezes inferior ás edições normais em Portugal. Vale a pena pensar nisso!
Não sou economista nem quero aqui apresentar uma formula matemática sobre deve e haver, nem sobre as probabilidades de isto ou aquilo, mas acredito que apesar de valorizar bastante o produto em si, haverá certamente formas mais baratas de editar livros para aqueles que privilegiam apenas a leitura em detrimento do resto.
 



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