13 de janeiro de 2021

 


SPUTNIK, MEU AMOR - HARUKI MURAKAMI



Pois é! E é isto. Com Haruki Murakami fico sempre agarrada ao livro.
A escrita de Haruki para mim não é fácil.
Eu explico! É muito fácil ler um texto, um livro de Haruki. Quando dou por mim estou completamente metida na história. Não deixam contudo de ser estranhas histórias, e eu, porém, confesso, tenho muita dificuldade em perceber o seu sentido.
Para além deste, apenas tinha lido do escritor "Crónica do Pássaro de Corda" que me deixou igualmente desconcertada. 
Nessa altura decidi deixar o escritor e os seus livros para um futuro apesar de namorar muitos os seus livros. Hoje, e após esta leitura, não poderei continuar a ignora-lo nem a fugir aos seus livros.

Este Sputnik, meu Amor, está na minha estante desde 2008, e é o primeiro livro do ano que leio para o desafio literário intitulado "Ataque à Estante" do blogue (quandoseabreumlivro.blogspot.com)

E o que este Sputnik, meu Amor me trouxe!
Acima de tudo uma grande confusão misturada com uma leitura compulsiva e à procura de um fim. À procura de Sumire que desapareceu sem deixar rasto.

Começando pelo principio e não pelo fim. Sumire é uma jovem de 22 anos que aspira a ser escritora. Os seus textos saem fluidamente apesar de Sumire não conseguir escrever nada com um fito.
Sumire deixou a Universidade e dedica-se exclusivamente à escrita. A sua vida não gira portanto, dentro de uma normalidade.
K, é um amigo dos tempos da Universidade. A pessoa a quem Sumire acorda ás quatro da madrugada com um telefonema que faz da cabine telefónica para conversar. Para Sumire, K é apenas um amigo, para K, Sumire será sempre o seu amor.
Todos os livros tem uma história para além da história. Nas leituras que fiz de Haruki, essa história está lá mas tenho sempre grande dificuldade em alcança-la.

"O que importa aqui - murmurei para mim mesmo - não são as grandes ideias que os outros tiveram, mas as pequenas coisas que só a ti de ocorrem."
Alguém pode ajudar-me aqui? Sumire é sem dúvida uma alma em ebulição e inadaptada ao mundo quotidiano. A páginas tantas, conhece Miu, uma mulher estranha de 38 anos por quem se apaixona. Esta mulher oferece-lhe um emprego e uma rotina dita normal a Sumire. 
Por causa desta rotina ou por causa desse amor que Sumire sente pela primeira vez por alguém, esta deixa de escrever.
É notável ver como Sumire se adapta ás circunstâncias. Deixa de conseguir escrever sequer uma linha mas assimila a causa/efeito desse mesmo acontecimento de uma forma natural.
K, assiste a tudo isto da bancada, no sítio onde sempre Sumire o quis ter.
O que está garantido não precisa de esforço.

K é o narrador desta história, e a partir de um certo ponto, K deixa de narrar a história como um espectador e passa a ser a voz principal. São os seus sentimentos que passam para primeiro plano.
É através dele que vamos galopando para uma realidade difusa, entre o sonho e a realidade.
Sumire e Miu fazem uma viagem juntas e numa Ilha Grega, Sumire desaparece sem deixar rasto.
A partir daqui partimos para a busca de uma Sumire que desapareceu sem deixar rasto numa ilha que não tem escapatória possível.
Começa então, a ser feita de sonhos, de ilusões, de seres divididos em duas partes.
"Sonho. Ás vezes penso que é a única coisa que vale a pena. Sonhar, viver no mundo dos sonhos - tal como Sumire dizia. Mas nunca dura muito tempo, a vigília acaba sempre por me trazer de novo à realidade."

Sempre acreditei que chegaria ao fim do livro, sem uma Sumire, ausente em parte incerta. O escritor consegue-me deixar no ponto de partida. Aqui à espera de Sumire, à espera do seu telefonema a horas inoportunas, com os seus diálogos aterradora mente descomplicados.
" E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que  vida nos roubou - arrebatando-o das nossas mãos - e, ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo a mão para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás.
Repetindo, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio."   

E vocês, que estão aí desse lado, alguém já leu este livro? Qual é a vossa opinião?
Alguém pode ajudar-me?



4 comentários:

  1. Já li, gostei :) Tenho opinião no meu blog (bloguinhas paradise)

    Beijinhos

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    1. Acho que gostei da tua opinião no teu blog...
      Beijinhos

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  2. Não conhecia o livro mas parece ser maravilhoso, e a leitura perfeita para fugir do romance tradicional e previsível ;)

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