11 de janeiro de 2021

 


VAMOS FALAR DE JOSÉ SARAMAGO




Muito se pode escrever sobre José Saramago.
Estou à algum tempo a olhar para a folha e penso no que quero escrever sobre José Saramago.
Este é mais  um projecto novo para o Blogue neste ano de 2021. Contar as opiniões dos livros já lidos e aproveitar os meses para ler os livros do mesmo escritor que ainda faltam-me ler.
No caso de José Saramago vou estender o projecto aos Herdeiros de Saramago.

E agora? O que vos dizer de Saramago!
Durante muitos anos foi escritor que andou desarredado das minhas preferências. 
Quando ganhou o Nobel da Literatura, não lhe prestei grande atenção.
A culpa?
Primeira culpa - Memorial do Convento.
Tentei ler o livro para o ensino secundário e não passei das primeiras páginas.
A história não me inspirava, o texto parecia-me demasiado dificil. As personagens não me prendiam. É um daqueles livros que não se moldam a mim.
Deixei de gostar então, daquilo que não tinha experimentado e agarrei-me a um exemplo que não correu bem.
Segunda culpa - Na época era fã de António Lobo Antunes. Nessa altura virava noites a ler, devorar os livros de Lobo Antunes. Os livros dele lambiam-me a alma, e eu, no inicio da minha juventude, cheia de tiques, pouco altruísmo, devo dizer que na altura era bastante arrogante, acreditava que no mesmo espaço, onde existia António Lobo Antunes não poderia existir José Saramago. 
Eu sei! Atitudes toscas, sem nexo, sem jeito. Demonstram uma total incapacidade de separação e refletem essencialmente imaturidade.

Posso agradecer a redescoberta de José Saramago, á minha irmã, que fez uma viagem à ilha de Lanzarote, e veio de lá encantada.
Gastou um almoço inteiro a contar o que viu e não viu. A casa de Saramago, a ilha, a Biblioteca de Saramago, a secretária onde escrevia os seus livros. As horas precisas em que o fazia diariamente.
Trouxe-me o discurso de Saramago em Estocolmo quando recebeu o Nobel.
Ganhei algum interesse e apesar de ter em casa " As Intermitências da Morte", resolvi começar a ler Saramago pelas "As Pequenas Memórias"
Não podia ter recomeçado melhor!

"As Pequenas Memórias", mostrou-me um escritor diferente daquele que eu conhecia.
Desta vez mais humano. Eu explico!
Saramago sempre me pareceu em público, uma pessoa distante, diria mesmo arrogante. Senhor de si mesmo, metido no seu mundo.
Mas quem era eu para tirar estas conclusões se nem sequer seguia o escritor?
A verdade é que a pouca importância que lhe dedicavam não dava para ver grande coisa e a facilidade em confundir timidez, falta de jeito com estranhos e conota-la como arrogância vai um passo.
O mais grave nisto tudo é que a minha própria atitude com o mundo é idêntica, até mais carregada. A incapacidade para as grandes multidões, a falta de graça para seguir rebanhos, a inabilidade de manter relações e a falta de aptidão quando observada pelos outros.
Também eu deslizo para a timidez extrema, também eu caminho, e já o fiz mais vincadamente na juventude para a altivez.
Isto são suposições. Afinal, eu nunca convivi com José Saramago, nem sequer um breve encontro para um autografo num livro, por isso a minha opinião sobre a sua pessoa não passa de suposições, quem sabe até bastantes estrambólicas.

Seja como for. Enfim! Quando finalmente coloquei estas questões corriqueiras de lado, e me dispôs a descobrir o escritor e o que ele escrevia, cheguei à triste conclusão, que não passo de um ser humano cheio de defeitos, e que a prática de que "não julgarás" e "mantém uma menta aberta", terão de ser revistas e praticadas até à morte.

José Saramago, descobri eu à cerca de 3 anos - aquilo que muitos já o tinham feito - era e é um grande escritor.
No livros "As Pequenas Memórias", descobre-se o homem dentro do escritor.
Este foi o meu caminho para a sua obra.
"Levantados do Chão"; "Todos os Nomes"; "O Ano da Morte de Ricardo Reis"; "O Homem Duplicado"; "Caim"; "A Viagem do Elefante"; "O Evangelho Segundo Jesus Cristo"; Claraboia"; "As Intermitências da Morte"; "Manual de Pintura e Caligrafia" e "Terra de Pecado"
Devo dizer que voltei a pegar em "Memorial do Convento", e que voltei a largar a leitura a meio. Decididamente não é livro para mim.



Ao longo deste mês de Janeiro vou dedicar um Post de opinião a nove deste livros.
Depois dedicarei aos restantes meses do ano, a opinião de um livro dos tantos que ainda me faltam ler de Saramago. Será essencialmente um ano dedicado a José Saramago.
Em Fevereiro iniciarei em conjunto o projecto de leitura dos Herdeiros de Saramago. A ideia será ler em cada mês o livro vencedor do Prémio Saramago.
Teremos muito de Saramago este ano. 
Espero que gostem!




2 comentários:

  1. Gostei muito desta publicação. Tenho que confessar uma das minhas grandes falhas literárias...nunca li José Saramago. Um dia terei que conhecer as suas obras. Como a minha irmã já leu livros dele e de uns gostou e de outros nem tanto, e temos gostos similares, vou pedir-lhe sugestões. Por outro lado, vou lendo aqui as opiniões deixadas :)

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  2. Obrigada Alexandra pelo seu comentário. José Saramago também nunca foi consensual no meu espirito, mas por estranho que pareça acho que com o tempo os gostos vão-se alterando e ainda bem...pode ser que a Alexandra um dia goste de Saramago. Beijinhos

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